Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
Com o
30º assassinato nos primeiros quatro meses do ano, Santa Maria atinge o índice
tolerado pela ONU que é de 10/100.000 habitantes.
Lamentamos
profundamente porque são os jovens que estão engrossando essas estatísticas. Mantendo-se
nessa escalada de crimes o Coração do Rio Grande encerrará 2014 com a amarga conta
de uma das cidades mais violentas do Brasil. Lembrando que 20 assassinatos por
100 mil habitantes é um índice grave. Pisca o sinal de alerta máximo e isso
carece de uma ação mais contundente dos gestores.
Os
crimes de assassinatos estão relacionados em sua grande maioria ao crime
organizado [drogas] e a violência política. Mas tanto no Brasil como na América
Latina – que superou a África em assassinatos –, segundo os relatórios da ONU, esses
crimes têm endereço, faixa etária e raça. Ou seja, estão nas camadas mais
pobres e acontecem entre os jovens negros de 15 a 25 anos. É triste esse dado,
mas no Brasil um jovem negro tem quatro vezes mais probabilidades de ser
assassinado do que um jovem branco de mesma idade.
Entre
as 30 cidades mais violentas do mundo o Brasil contribui com onze. Sendo
Maceió, Fortaleza e João Pessoas entre as dez mais violentas atingindo índices
exorbitantes de 75 assassinatos por 100 mil habitantes.
Numa
metrópole esses dados podem mascarar ainda mais a macabra realidade. No Rio de
Janeiro, por exemplo, o índice está em 25. Mas se formos computar só a zona sul
o índice cai para 5 e se computarmos as zonas mais pobres o índice se eleva
para 75 assassinatos por 100 mil. Lembrem-se: jovens, negros e pobres.
No
mundo 850 pessoas são assassinadas por dia e no Brasil 85. Como a ampla maioria
dos assassinatos está relacionado ao crime organizado, urge que o Congresso
discuta, em regime de urgência, a descriminalização dos usuários das drogas. Talvez
seja esse o caminho para quebrar essa estrutura paralela do estado de direito. O
Uruguai está implantando essa política com relação a maconha no intuito de
diminuir a violência e Montevideo é a capital mais segura da América Latina.
É
polêmico! Mas não temos mais tempo a esperar. E uma vida vale muito mais do que
um dado numa planilha da Organização das Nações Unidas.