terça-feira, 17 de agosto de 2021

Estação Santa Maria agoniza

 

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Havia um comercial de bebida em que o bordão caiu no gosto popular. Orloff era a vodca da propaganda e personagem falava para ele mesmo: eu sou você amanhã.

Sempre que cruzo pela gare, eu penso no comercial da vodca e na antiga Soteia. O futuro da estação Santa Maria é a Soteia. Esta é a trágica e evidente constatação. Ela foi definhando ao longo do tempo e quando nos demos conta não havia mais Soteia para ser salva. Hoje, apenas escombros lá na Passo D´Areia. E a estação Santa Maria percorre o mesmo caminho. A Soteia é a estação amanhã.

Certa feita, lá em meados da década de 90 do século passado, bati umas fotos. A plataforma estava coberta e intacta. Havia o sino e o relógio. Naquele dia seria impensável imaginar o estágio de degradação vinte e poucos anos após.

Neste quarto de século passaram vários prefeitos dos mais variados matizes ideológicos e a estação Santa Maria estava lá, agonizando a espera de ajuda. O descaso foi completo. E a fatura chega em doses homeopáticas.

Santiago, Bagé, Cacequi, Dom Pedrito, Santo Ângelo e Restinga Seca são exemplos de estações preservadas. Bem que a estação Santa Maria poderia ser uma delas amanhã. Mas a estação Santa Maria será a Soteia. Esse é o roteiro de um filme de terror.

A estação Santa Maria é o local que mais fotografei aqui na cidade. E o sentimento de tristeza dispara quando comparamos as fotografias com o passar dos anos.

Aí lembro de Heráclito e o rio. E devo dizer que não visitamos duas vezes a mesma estação Santa Maria. Nós não seremos mais os mesmos, mas muito mais evidente é que a estação também não será mais a mesma. A velha estação definha... a cada visita um adeus. A cada visita temos menos estação. A cada visita nos aproximamos mais do fim da película.

A estação Santa Maria pede socorro!

Sou filho e neto de ferroviário. Então, sou saudosista dos áureos tempos da Viação Férrea. O trem da Fronteira, o Minuano e o Húngaro. Nos países desenvolvidos o transporte ferroviário é uma certeza. E o Brasil precisa retomar este tipo de transporte público. Ainda desejo rever um trem de passageiros ligando Uruguaiana a Porto Alegre. E que Santa Maria volte a ser um entroncamento ferroviário.

A revitalização da nossa gare é um sonho antigo. Mas a gare está, literalmente, sem rumo. E encaminha-se rumo às ruínas. E amanhã será, apenas, um lamento.

Pau Brasil

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

 

Nestes tempos de agressão ao meio ambiente e descaso com a floresta amazônica, seria plausível falarmos da árvore símbolo do pais: Pau Brasil.

Inclusive, tem um exemplar dessa árvore na praça Saldanha Marinho. Eu sempre achei meio estranho esse nome, algo meio fálico. E hoje eu lembrei quando li a notícia de que um deputado federal usou dinheiro público para fazer uma prótese peniana. Vamos combinar, né. Tem tu a ver com pau Brasil.

Por que o espanto?

O nobre edil deve estar armado para ferrar com o povo, ora. E também deve estar ereto para enfrentar a pauleira que é cada sessão na câmara. Mesmo porque, em algum momento, o deputado pode chutar o pau da barraca.

Como são 513 parlamentares e mais 81 senadores, penso que deveria ser feito um edital para concorrência pública.

A presidência de cada casa deveria passar uma lista aos interessados em participar e constar no edital o nome do interessado e as características do implante. Sem sombra de dúvidas, seria mais transparente e menos oneroso para o erário.

Se uma prótese custou 55 paus. Imagino que 100 ou sei lá... 200 próteses, custaria bem menos. Ficaria bem mais em conta. Dinheiro público tem que ser tratado com a máxima transparência.

Ah! O congresso deveria criar um saite especifico para acompanhamento pelos cidadãos e cidadãs.

A “transparenciapaubrasil”. Tudo minúsculo e sem acento.

Claro, em homenagem a árvore símbolo do país.

 

ps.

Contém ironia. Aliás, só ironia.