Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Com as ruas em polvorosa e o país diante
de inúmeras incertezas, pipocaram as mais diversas teorias.
As teorias conspirativas tinham vários
nomes de grupos dispostos a assaltar o poder. Anonymous – com aquela carinha sarcástica
– era o primeiro da lista, mas vinham a reboque os velhos e tradicionais “istas”
de nossa história: fascistas, nazistas, integralistas, comunistas, anarquistas,
socialistas, internacionalistas e mais um que chegou em grande estilo e dono do
pedaço, os “apartidaristas”. Inclusive, alguns teóricos acordaram agora, outro
nunca dormiram e os mais antigos estavam sesteando. E todos com suas razões entre
um bocejo e outro.
Com essa possível ou improvável iminência
de uma revolução ou golpe, ou quartelada, resolvi consultar meus alfarrábios sobre
teoria política. Me lembrei que, certa feita, um cara havia previsto a data e
hora da revolução, mas não tinha certeza se era pra já.
Consultei alguns escritos de Karl Marx,
algumas teses de Vladimir Lenin, artigos de Leon Trotsky e alguma coisa de
Groucho Marx, Aparício Torelly e Stanislaw Ponte Preta. Como também fiz uma
releitura das premissas de guerrilha de Mano Lima. Claro, as teses de uma revolução
chique de Gloria Kalil.
Não achei nada nas teses que indicassem
um estado pré-revolucionário ou golpista. Para haver um golpe de direita a elite
tem que estar descontente, não é o caso, a elite vai muito bem, obrigado. Para haver
uma revolução de esquerda, a esquerda tem que derrubar o governante, mas nesse
caso o governante é de esquerda... aí embrulha as ideias e os ideais.
A única descoberta que consegui fazer
foi de que um grupo internacional de massagistas revolucionários unificou a
pauta de reivindicações, para esses protestos, com as telefonistas da social
democracia.
Então, resolvi consultar a Mãe Menininha
do Canto A, B, C e D e nada de golpe ou evolução. Fui visitar o sindicato dos metalúrgicos
do A, B, C e D – centro de reivindicações em épocas passadas – e, novamente, nenhum
indício de golpe ou revolução. Diante de todos esses porquês concluí que não há
motivos para preocupação de golpe, revolução, quartelada, insurreição,
intentona e assunção do que quer que seja.
– Quem me garante que não haverá um
golpe? – alguém pode perguntar. E eu respondo.
– La garantia soy yo.
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