Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Na primeira aparição ele está sorridente e
nos convida para conversar. A gente reluta, mas como é um jovem simpático,
aceitamos prosear com o vivente. E a lábia é grande. Nos oferece um trago de
canha com butiá.
E achamos legal e bebemos junto.
Posteriormente, ela entra em nosso jardim, nos
promete o paraíso e uma vida digna. E toma chimarrão com a gente na varanda.
Ah! Mata nosso cusco, mas o cara é bom de
papo.
Um belo dia ele entra em nossa casa e pede o
nosso voto.
E nos oferece um ramalhete de capim-cidreira
para o chá. E nós damos o nosso voto e conseguimos os votos dos amigos. E os
amigos conseguem os votos dos amigos dos amigos.
Quando nos damos conta é tarde. O fulano está
mandando e desmandando. Já entregou empresas públicas, aniquilou manifestações
e arroxou os salários. E aí temos como universo o umbigo dentro do nosso
quarto.
Por medo nos calamos e aceitamos migalhas. E
achamos que a democracia é para todos: é representativa.
Que a justiça é cega, cega para alguns.
E a nós resta esperar para dali a um tempo ouvir
outra voz simpática desse Brasil vir à televisão e convidar: vamos conversar?
Mas a garganta grita: PUTA QUE PARIU!
Um plágio pseudo-bagual do poema
“No Caminho, com Maiakóvski” de Eduardo Alves
da Costa
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