quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

"O PT muda ou acaba"



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Essa afirmação – estilo vai ou racha – de Marta Suplicy me deixou encafifado. Vem carregada de fatalismo, diria mais, com algum viés de ressentimento e vingança. Guardadas as mágoas e as quizilas – como diria o Olívio –, Marta tem um histórico e bagagem para tecer críticas ao Partido dos Trabalhadores. Uma dinossauro sabe o que aflige e o que importa. Conhece as engrenagens da política interna partidária e sabe onde aperta o calo. O interessante é a maneira, o momento, o estilo... a veemência: “O PT muda ou acaba”. É taxativo, avassalador.
Em todos esses anos o partido foi motivo de muitas desilusões. Os sonhadores que acreditaram que a política poderia ser feita com seriedade, também mudaram, porque diante de todos esses desmandos já não enxergam a política da mesma forma. O principal partido de massa do Brasil ascendeu ao poder com a bandeira da ética, da honestidade e de uma nova maneira de fazer política. Transformações sociais e um novo jeito de gerir a máquina pública sem a corrupção dos governos anteriores. Alguém aí lembrou do imposto sobre grandes fortunas? Esse era o PT.
Naquela eleição em que a esperança venceu o medo os brasileiros ansiavam por reformas. Àquelas de base que derrubou Jango. Quando a Marta Suplicy fala em “O PT muda ou acaba” causa um estranhamento, pois eu diria que o PT já mudou e faz algum tempo.
Os crimes de colarinho branco estão entranhados na política do Brasil. É um rombo de cinco séculos que tinha que ser exterminado. E esse foi o principal motivo da primeira eleição de Lula. Tirar as elites do poder e junto as carcomidas raposas velhas e felpudas. Além de não conseguir acabar com esses desmandos o PT moldou-se com extrema facilidade à corrupção. A bandeira da ética na política ficou esfarrapada nesses anos todos. Diante desse quadro – a palavra Petrobras não foi colocada no texto para evitar maiores transtornos – devemos concluir que o PT mudou e não acabará. A antítese da tese da Marta. O que o PT precisa é “desmudar” para ver se retoma o pouco do que sobrou do velho PT dos anos 80/90. O partido que foi o ideal de lutas e sonhos de uma geração pós-ditadura.
Mas na conjuntura atual eu sou cético. Muito cético, não acredito num retorno às origens, pelo contrário, o PT encaminha-se para uma completa peemedebização. O Partido dos Trabalhadores não mudou, se igualou aos demais. Infelizmente. “Nada do que foi será.”


ps
O texto faz uma análise macro do PT e da política.
É claro que tem gente série no partido e na política, certo?


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