Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
A foto
é chocante, provocativa e, de certa forma, arrogante. Uma turma de
manifestantes resolve protestar “peladitos da más” na Câmara de Vereadores de
Porto Alegre.
Escândalos
na casa do povo! Um atentado ao pudor! Um horror! Foram a síntese dos comentários
da nossa culta sociedade.
A sociedade
gaúcha não está preparada para esse tipo de manifestação. A gente deseja um
protesto ordeiro. Sem xingamentos. Sem cartazes agressivos. Sem ironia. Sem despojamento.
Bom, aí não sei se é manifestação.
A escandalosa
foto nos remete a definição de escândalo e desrespeito. A precariedade dos serviços
públicos nos itens Saúde, Segurança e Educação não é um escândalo? As altas remunerações
de políticos com uma infinidade de penduricalhos também não é um escândalo? Os voos
nos jatinhos da FAB não é um escândalo? Os 39 ministro da Dilma – a maioria a
gente não sabe que são e nem para que servem – também não é um escândalo? Imoralidade
são os crimes de colarinho branco – ainda impunes –, corrupção e desvio de
verbas. Existe imoralidade maior que um deputado dizer que “está se lixando
para o povo” e ele continua lá.
Então,
uma gurizada medonha resolve tirar a roupa no recinto da Câmara e a sociedade
baixa o pau. Sem trocadilhos... certo! Eu acho que a coisa pegou por aí. As gurias
do Grupo Femen protestam de topless e a gente até acha bonitinho. Mas a foto na
Câmara o furo é mais embaixo. E a nossa moral não suporta.
No entanto,
temos que analisar sob outra ótica.
Nós
criticamos os manifestantes que usaram capuz para praticar vandalismo e
agressões contra as pessoas e ao patrimônio seja ele público ou privado. Eles
queriam demonstrar sua indignação, sua contrariedade e sua violência, mas se
escondem atrás de uma máscara. Também podemos chamá-los de bandidos, delinquentes.
A
atitude dos ocupantes da Câmara também foi uma forma de agressão, agressão ao
status quo. Só que a “violência” foi a
nudez. Não foram corajosos o suficiente para mostrar a cara. De certa forma
tornam-se iguais a todos os demais que se escondem – nas mais diversas instâncias
– para praticar as suas “imoralidades”.
Nessa
correlação de análises, também foi uma atitude de vandalismo... vandalismo à nossa
moral tradicional e conservadora. Assim, penso que o capuz camuflou o “bandido”
da ocupação. Ocultou o ultraje. Por outro lado, num recinto onde doutores
pregam moral de cuecas, que mal tem uma turma pregar imoralidade de capuz. E nesses
episódios o óleo de peroba satisfaz. Tanto os pelados quanto os doutores das
fotos na parede.
Voltando
a escandalosa foto, que também nos remete a redefinir o que é imoralidade.
Quem não
admirava o grupo “Mamonas Assassinas” com toda aquela irreverência? Eu gosto e
também admirava aqueles jovens. Principalmente as músicas:
Robocop
Gay
Vira-vira
Pelados
em Santos
E
agora ficou escandalizado com as fotos dos “Peladios na Câmara”.
Eu
também.
Sugestão:
na próxima vez façam um nu artístico.
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