Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
As
opiniões devem ser respeitadas, isso é um princípio basilar da boa convivência
– cláusula pétrea nesse convívio virtual –, mas podemos discordar com
veemência. E expressar nossa indignação, inclusive, com severidade diante de
algumas estultices. Nesses últimos momentos no Brasil não faltaram “personalidades”
das mais variadas áreas falando bobagens. Banimento: a palavra da vez.
Houve
um tempo no Brasil que a palavra banimento era indigna e perversa, mas sinônimo
de despedida e sobrevivência. Outros sequer tiveram a chance de serem banidos. Quantos
foram os brasileiros exilados por pensar diferente? As fotos de cidadãos algemados
diante de um avião e documentários estão aí para serem testemunhas desse
passado nebuloso.
Banimento
é uma palavra que enseja atrocidade, é terrível e reacionária. Traz no seu bojo
sangue e sofrimento. Banimento deveria ser banida do dicionário. A pessoa tem
que ser banida de alguma coisa para sentir o seu real significado.
Num
programa de esportes, um certo humorista querendo fazer gracinhas – inoportunamente
Global – usou a palavra banido para se referir ao técnico do Internacional.
Afirmou que Dunga deveria ser banido do futebol. O pimpolho da Globo atacou o
técnico por seu estilo direto, incisivo e suas opiniões e estratégias no campo
de jogo. Segundo ele uma pessoa mal-humorada, carrancuda. Uma atitude não condizente
com o esporte.
Nós
conhecemos o Dunga e sua trajetória no Inter e na Seleção – como jogador e
capitão e como técnico – e Dunga é um dos cinco brasileiros que tiveram o
privilégio de levantar a taça da Copa do Mundo. Aliás, tem que ter muita “cara
de pau” para pedir o banimento de Dunga do futebol.
Também
sabemos e admiramos o Dunga pela sua capacidade de organização, perseverança e
dedicação. Suas opiniões são fortes. Dunga não é um puxa-saco de carteirinha. E
não leva ninguém para compadre. Isso é motivo para ser banido dos campos de
futebol?
Dunga
não é o queridinho da mídia, mas tem o respeito dos colorados. E isso que importa.
Dunga é autêntico.
Em
resposta ao expalhacinho das tardes de domingo Dunga falou simplesmente “cada
palhaço no seu picadeiro”. Talvez ele entendesse melhor se Dunga tivesse dito “cada
um no seu quadrado”.
Isso
é ser elegante. Atitude que faltou ao humorista. Respeito pelo que Dunga fez e
ainda fará pelo futebol é o mínimo que se exige. Mas seria pedir demais para um
deslumbrado com a fama, mas como diria meu pai, respeito é bom e conserva os
dentes.
2 comentários:
Muito legal quando leio um texto que está com todas as palavras que eu penso sobre o assunto. É isso mesmo.
Abraços. visite: www.textosparaomundo.blogspot.com Meu blog.
Gracias pelo comentário.
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