Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Sinto saudades
de um setembro, qualquer setembro ainda não vivido. Sinto remorsos do agora
porque ainda estou aqui. Sinto não estar vivendo sob a lua que imaginei pra ti.
Quero sentir
pingos de chuva numa noite de primavera, quero molhar meus pés na sarjeta de
uma ruela de setembro, nas correntezas dos dias e nas vertentes dos
crepúsculos. Quero sentar numa pinguela e contemplar a lua distante num ainda
distante setembro. Sinto saudades dos trinta dias que não lembro, do setembro
que esqueci por não tê-lo sofrido. Quero o mês inteiro com dias finitos para
vê-los, tê-los, acariciá-los, todos os dias e noites quando setembro vier.
Não quero águas de março e nem os
sóis de maio. Não quero o “carná de feverê”. Quero as luas de setembro. Sinto saudades
de todos os meses de setembro. Preciso de uma lua cheia envolta em mistério,
quero o uivo da loba numa lúgubre e sinistra meia-noite. Quero o pulo da gata
num facho de lua nova.
Quando caminho
pela relva em trilhas que nunca andei, em terras que jamais pisei, irei ao
encontro de novas cascatas, das cascatas de luas do setembro que certamente
virá com a primavera, quando findar o vento sul de julho.
Não quero
resquícios de águas, quero torrentes de luas. Não quero panos quentes, quero
tapetes voadores e encardidos de vida. Não quero pratos limpos, quero uma louça
a ser lavada nas chuvaradas de setembro. Não quero o desgosto de agosto e nem a
lua de outubro. Insisto! Eu quero um luar cheio de setembro.
Deixei distante
um abril despedaçado para ter um setembro completo, robusto, forte e enérgico.
Um setembro simples, cândido, tenro e bondoso. Pode ser qualquer dia de
setembro, 25, 26, 27 ou 28, em qualquer lua, mas que seja tua, assim verei na
futura primavera luas então nunca vistas, luas em forma de rosas. Rosas da
Estação Lua.
Sonho com as
flores de setembro e com um cálice de vinho da colônia. Rubro como uma rosa,
leve como a lua, fino como a cascata.
Sinto saudades
da lua, da tua lua do teu setembro não vivido. Preciso de um setembro florido.
Quero ver flores nesse mês distante, preciso ver-te bela, assanhada e
enluarada. Quero ver a lua, a lua de setembro iluminando sua face morena. Quero
rosar-me ao tê-la. Quero “setembrar-me” ao vê-la. Quero respirar o teu sereno
junto com o aroma do setembro e encostar meu corpo no calor de tua pele morena.
Talvez a lua seja pequena para momentos assim, ainda assim eu direi sim. Mas se
o setembro for em vão e terminar sem mim, quero o reflexo da lua na noite de um
rio. Aí sim, quero abraçar o reflexo da lua num rio de janeiro.
Um comentário:
UMA LINDA INSPIRAÇÃO ESSA LUA MEXEU COMIGO VOU OLHAR O CÉU TODAS AS NOITES E SORRIR PRA ESSAS LUAS QUERO ADENTRAR A MAGIA DESSAS LUAS E QUANDO OS JANEIROS VIEREM SEI QUE ME FIZ FELIZ COMO O AUTOR E PEDIR AOS CÉUS SIMPLES MAS LINDAS INSPIRAÇÕES.
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