Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Os Black Blocs desafiam a polícia, governos, mídia
tradicional e o senso comum, pois fazem das manifestações um palco de
enfrentamento contra a elite e o capitalismo. São ativistas que agridem o
sistema.
Surgiram na Alemanha na década de 80 do
século passado, organizavam manifestações contra a energia nuclear, nazistas e
a guerra. Na América surgiu com os movimentos antiglobalização de Seatle nos
Estados Unidos, através da música anarcopunk. São formados por pessoas com elevada
consciência politica, sendo composto por anarquistas, feministas radicais e
ambientalistas. Estão colocados radicalmente à extrema esquerda do espectro
ideológico.
Segundo Francis Dupuis-Déri, estudioso canadense
dos Black Blocs, diz que a atuação se faz porque é preciso perturbar e reagir
quando a polícia ataca o povo e que as pessoas estão revoltadas e consideram
que não basta se manifestar pacificamente. Essa é a síntese do movimento.
Aqui começa a história em que o cientista político
do Canadá desconhece, ou seja, os Black Blocs são inspirados nos Guasca Blocs.
Movimento contra a ordem vigente que surgiu em meados do século XIX no sul do
Brasil, uma facção ultrarradical dentro da Revolução Farroupilha, eram
caudilhos que davam um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair.
Enquanto os estancieiros lutavam contra o Império por menos impostos, os Guasca
Blocs lutavam por liberdade. Viviam com o vento na cara. Consta que na Traição
de Porongos – massacre quase sempre esquecido pelos historiadores da elite –
não há participação de nenhum Guasca Blocs. Naquela época eram identificados por
toucas ou lenços vermelhos, a indumentária preta surgiu bem depois.
Recentemente um historiador da pampa gaúcha descobriu
alguns nomes dos lanceiros negros assassinados naquela traição. São eles:
Amarildo Costa, Amarildo Cunha, Amarildo Lopes, Amarildo Ferreira, Amarildo
Bastos, Amarildo Oliveira, Amarildo Gonçalves, Amarildo Prado, Amarildo Müller,
Amarildo Fonseca, Amarildo Pereira e Amarildo Ribeiro, mas isso não tem a menor
importância, o importante é idolatrar os traidores, assim esse episódio está
esquecido e pouco divulgado há mais de 170 anos.
Posteriormente os Guasca Blocs apareceram –
com reduzida atuação – nas revoltas de 1893, 1923 e 1924, mas em 1930 foram
eles que amarraram os cavalos no obelisco no Rio de Janeiro. Após o golpe de 64
os Guasca Blocs fizeram parte da guerrilha contra a ditadura, atuaram no
Araguaia, no congresso da UNE, assaltaram bancos e ricaços e sequestraram um
embaixador para ajudar a financiar a luta armada e libertar presos políticos. Os
Guasca Blocs tinham sede de liberdade. Por volta dos anos 2000 uma nova geração
de Guasca Blocs Light destruiu o relógio dos 500 anos em Porto Alegre. Também foi
muito noticiado pela imprensa local aquele vandalismo praticado por Guasca
Blocs do Coração do Rio Grande. Os Guascas Blocs sempre estiveram numa luta
radical contra o sistema vigente. Hoje, alguns ex-Guasca Blocs estão nos altos escalões
do sistema e reprimem os movimentos sociais e criminalizam as manifestações. Porque
é mais importante e fundamental garantir a integridade do patrimônio da classe
dirigente.
A partir de junho de 2013 se espalharam por
todo o país desconsiderando o que está posto e radicalizando suas ações – no
melhor estilo “que se vajan todos” ocorrido na Argentina – e, novamente,
atuaram contra o capital depredando agências bancárias e concessionárias de
carros importados, símbolos desse sistema.
Decididamente, esses Guasca Blocs são uns
vândalos!
Um comentário:
Gostei da explicação. Bem detalhada sobre os Guascas... fazem parte da nossa história.
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