Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
A
segurança dos bancos está preparada para ataques violentos e armados ou para
uma ação na calada da noite com câmeras e alarmes sofisticados tecnologicamente.
Os possíveis assaltos são tumultuados, traumáticos e estressantes. Isso é o que
rezam as cartilhas.
O que
ocorreu no Banco do Brasil da avenida Rio Branco em Santa Maria escapa do
lugar-comum de como imaginamos um assalto. Envolve planejamento estratégico, organização,
audácia, um roteiro bem elaborado e uma tremenda cara de pau. Claro, atores em
cena.
Quando
imaginamos um assalto a banco vemos bombas, armas de fogo, maçarico, marginais
mascarados e, no caso do assalto ao Banco Central em Fortaleza, a escavação de
um túnel. O tradicional “mãos ao alto” só nos românticos filmes de
bangue-bangue. No caso de Santa Maria os larápios entraram durante o
expediente, sem armas, sem alarde e sem violência. Simpáticos, até. Uma espécie de Black Blocs às
avessas. Não cometeram homicídios, não fizeram reféns, não causaram pânico e
nem danificaram o patrimônio. Eles, simplesmente, distraíram os vigilantes, os
caixas e um supervisor. E um dos componentes da quadrilha entra, calmamente,
numa área restrita aos funcionários e “saca” 300 mil reais. Nem precisou de
senha numérica ou silábica. E não deu a mínima para o saldo em conta. Simples,
não! Como é que ninguém pensou nisso antes?
Devo
confessar. Admiro a performance desses atores. Um roteiro hollywoodiano, uma
interpretação digna de Oscar e uma calma felina. Pela capacidade de
planejamento, organização e atuação os larápios deveriam ganhar uma menção da
Cacism ou da Febraban. Quem sabe, Palma de Ouro ou, no mínimo, o troféu
Lanterninha Aurélio de melhor curta, com o tema cooperação, no Santa Maria Vídeo
e Cinema.
Os
bancos são as empresa que mais gastam – investem – em segurança no Brasil. No
entanto, os gatunos fizeram um assalto custo zero. Aliás, o custo do assalto
foi o valor do estacionamento em que deixaram os carros para a fuga. Um assalto
histórico nessa Boca do Monte.
Nessa
tarde chuvosa de janeiro faço uma contagem de meu saldo no caixa e percebo que
está tudo em ordem. Ninguém pescou minhas onças pintadas e garoupas. E vou
fechar a porta do cofre, pois aquela freirinha que está conversando com o
vigilante no sopé da escada... não sei não. Altamente suspeita.
Um comentário:
Pois é, uma calma e frieza tamanha que se deram ao trabalho de ir pegar o carro no estacionamento. Nem dá pra classificar isso como fuga.
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