Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
Santa
Maria está violenta. Nas ruas, presenciamos a violência à luz do dia, a flor da
pele e no sangue dos olhos. E o que impressiona são essas atitudes impensadas por
motivos fúteis. Principalmente as relacionadas com o trânsito.
Dia 16
de abril, uma quarta-feira ensolarada que entardecia aparentemente calma, eu
caminhava pela praça em frente ao Hospital de Caridade para atravessar a rua no
sinal fechado. Ao cruzar pela faixa de segurança um motociclista para ao lado
de um carro com uma mulher ao volante. Ouvi os mais variados xingamentos. Até que
atinei que era o motociclista “conversando” com a mulher do carro. Vagabunda e
vadia foram as mais suaves expressões. A mulher baixou o vidro e tentou
argumentar com o motociclista, mas a verborragia aumentou em quantidade e diminuiu
no nível. O rapaz – imagino que era um rapaz, pois ele estava, como manda a
lei, de capacete – estava possesso. Então, a mulher fechou o vidro e arrancou
com o carro e o homem, mesmo na moto, dá dois pontapés na lataria do carro aos
gritos de vadia e vagabunda. E seguiu ao seu encalço. Mas cruza em alta
velocidade pelo carro e some na presidente Vargas. Penso que o rapaz era uma pessoa
muito valente. Um valentão. Deveria estar satisfeito com o show no sinal
fechado.
Essas
rusgas na via pública acontecem instantaneamente e são rápidas, em segundos
tudo volta ao normal e não conseguimos sequer ter uma mínima reação. Não anotei
nenhuma placa, não sei quem eram os protagonistas, apenas, posso dizer que o
carro era branco. Quando coloquei a mão no celular o rebuliço estava terminado
e a aparente calmaria da rua Pinheiro Machado voltara ao normal.
A moça
do carro deve ter cometido alguma pequena infração de trânsito que motivou toda
a ira do motoqueiro. Mas nada justifica tamanha agressão. É obvio que a gente
tem vontade de xingar alguns malas e algumas malas que dirigem, mas temos que
reprimir nossa raiva para o bem das pessoas, da vida e para o bem do nosso coração.
O mundo
não vem abaixo por conta de uma pequena violação das leis de trânsito, mas
poderá a vir se por um motivo fútil alguém perder a cabeça e resolver fazer justiça
com as próprias mãos... ou pés.
Mas um
dado é relevante, o Coração do Rio Grande não é mais o mesmo, e, hoje, somos
saudosos daquela pacata Santa Maria dos ferrinhos.
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