Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Tenho um sono tranquilo. E, às vezes, durmo mais do
que o recomendado pela OMS. Nos finais de semana sou adepto da “siesta”. E, em
outras eras, já fui um utópico sonhador... Um sono tranquilo não quer dizer o
domínio sobre o sonho. E numa dessas noites tive um sonho bem estranho. Aliás,
um pesadelo que me sobressaltou e me deixou pensativo.
Sonhei que tinha sido pego pela Operação Lava-Jato
num grampo telefônico. Mas como? Um cidadão comum sem parentes importantes. Invasão
de privacidade! No pesadelo eu tinha sido interceptado numa conversa com uma
grande e importante figura da nossa república. O teor da conversa eu não lembro
bem. Mas, em dado momento, eu falei “minha querida” e nem quero imaginar quem
era a minha interlocutora. No sonho eu estava nervoso e ela – a interlocutora
–, calma. Nessa parte do sonho eu estava de camisa vermelha.
Numa outra escuta eu lembro ter falado “Bota ponta,
Telê!”, mas eu acho que isso não seria importante na investigação do Juiz de
Curitiba. Nessa parte do sonho eu estava de camisa amarela.
O que importa aqui não é o teor das escutas, mas a
repercussão entre meus amigos e conhecidos. Eu virei um desafeto geral. Ninguém
mais me reconhecia na rua. Virei um pária social. Eu estava no fundo do poço
sem fundo.
No meu sonho eu fui rejeitado pelos amigos virei um
bandido execrável da noite para o dia. Estava arrasado. Perdi contato e não
havia mais amizade, estava excluído de todas as rodas e chacrinhas. Eu, uma
pessoa honesta, trabalhadora, pagadora de impostos estava sofrendo uma
injustiça. Como tenho vergonha na cara pensei em renunciar ao cargo de primeiro
ministro, mas aí eu me dei conta que não era primeiro ministro de nada. No sonho,
nem síndico eu era.
A todo o momento vinha em minha mente o áudio da
conversa e aquela estranha frase “minha querida”. Ah! No pesadelo eu tinha a
voz rouca, não sei por que motivo.
Como todo pesadelo, ele termina e a gente acorda. A
minha salvação. Um alívio dar-se conta de que tudo fora uma enorme aflição. O
coração palpitando, mas com aquela sensação agradável. Um peso sai de nossas
costas e uma leveza transborda em nossos pensamentos.
Ainda bem que era um pesadelo. O que eu posso dizer
que é muito cruel ser investigado pela operação Lava-Jato. Senti na pele o peso
dessa operação.
Mas eu ainda acho preferível sonhar com a operação Lava-Jato
do que sonhar com a comissão do impeachment. Muito xingamento naquelas reuniões.
Balbúrdia onde todo mundo fala e ninguém tem razão.
Os caras falam abertamente das pessoas. São corriqueiros
os impropérios contra o ex-presidente Lula e contra a ex... Ops!!!
Vou fazer um chazinho de erva-cidreira.
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