Athos Ronaldo Miralha da Cunha
A atual classe política brasileira precisa rever e
melhorar suas referências. Ulysses Guimarães foi um parâmetro de político
íntegro. Aqui no Brasil ficou conhecido como Senhor Diretas e no dia de sua
morte foi notícia internacional como Mister Democracy.
O velho líder do MDB falava sobre a liturgia do
cargo. Um político precisa entender a importância da posição que ocupa. Ter a
noção exata do que representa. Tem que saber que sendo uma figura pública sua
conduta precisa ter a mesma condição da função conquistada. Se um indivíduo é
presidente de uma entidade ou de um país precisa postar-se de acordo com o
cargo que exerce.
É incompreensível que um ex-presidente em conversa
com a presidente de república – por mais que sejam amigos íntimos e o papo
privado – usem um linguajar chulo. Não condiz com a postura do cargo que ocupa
e ocupou. A gente fica sem palavras.
Como entender que uma conversa entre ministros de
estado o comportamento seja como o de uma torcida na geral do estádio.
É difícil conceber que um pré-candidato a
presidente da república se envolva num bate-boca com populares em frente ao
prédio onde mora o irmão. Naquela ocasião podemos ver e perceber toda a
elegância, eloquência e sensatez do pretenso e tenso candidato. O barraco pegou
geral. Um bochincho na 28 seria mais requintado. [Ver no google a música
“Recuerdos da 28”.] Aquela conversinha mansa e mole não engana mais ninguém.
Esses são alguns exemplos – tem muito mais – dos
nossos referenciais políticos e, infelizmente, o que menos importa é a liturgia
do cargo.
Eles sempre vão. Eles sempre voltam. Eles sempre
estão. Com a mesma cara de jequitibá.
Costumo dizer que a democracia é cara e demorada,
por isso temos que ter paciência com a democracia para que não seja traída. Uma
democracia traída vira ditadura.
A nossa contrapartida deveria ser mais exigente
diante da urna eletrônica. Mas não devemos nos resignar com esse caos e essa
falta de educação generalizada e desrespeito com o eleitor. Se eles estão lá
com o nosso voto é pelo voto que vamos tirá-los.
Dizem que a composição do Congresso é o espelho da
sociedade. Sinceramente, espero que não. A liturgia do cargo vencerá.
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