Athos Ronaldo Miralha da Cunha
As minhas malas estão, praticamente, prontas, as
modalidades escolhidas e os ingressos comprados. Pretendo assistir alguns jogos
nas olimpíadas, uma oportunidade única, pois se houver outra olimpíada no Rio
de Janeiro, já estarei em outra dimensão. Por enquanto vamos acompanhando os
noticiários acerca da segurança e da Zica, os maiores adversários do Brasil
nesses jogos olímpicos.
Mas as surpresas podem acontecer antes mesmo do
desembarque no Galeão e de trafegar pela Linha Vermelha ou Amarela. Nessa
semana recebi uma ligação – muito estranha – do hotel onde reservei as oito
diárias no Rio de Janeiro. Perguntou, o atendente, se eu desejava cancelar a
minha hospedagem no período das Olimpíadas.
Como assim, cancelar? Respondi que não tinha
intenção de cancelar, afirmei que já estava de malas prontas tudo organizado –
férias marcadas com muita antecedência – para viajar e não entendia essa
solicitação do hotel.
O rapaz insistiu dizendo que várias pessoas estavam
cancelando as reservas.
– O senhor sebe como é, né. O povo anda meio
receoso – falou com um timbre grave de voz. Algo assustador. A impressão que eu
tinha era que o recepcionista estava bem perturbado.
Continuei afirmando que minhas reservas eram
titularíssimas. Nada me atrapalharia a hospedagem. Eu iria ao Rio assistir aos
jogos olímpicos.
Mas o carioca era insistente.
– Bueno, senhor, todos os hóspedes estão cancelando
as reservas e nós estamos sugerindo que o senhor faça o mesmo. [Tudo bem, o
carioca não disse bueno, é por minha conta].
– O senhor poderia me dizer qual o motivo de tantos
cancelamentos, justamente no período mais concorrido?
– É que nesse hotel estará hospedada a delegação da
França... eu, inclusive estou cumprindo aviso prévio e vou deitar o cabelo.
– Mermão, cancela.
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