Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Hoje não tenho ídolos. Estão, ou ficaram todos, na
minha adolescência. Em meados da década de 70 o Brasil vivia sob a batuta dos
generais que jogavam a democracia para escanteio e no sul do Brasil um time
jogava uma bola redondinha nos gramados.
Naqueles anos não tínhamos a infinidade de souvenires
que temos hoje. Não havia bonés, camisetas, calções e bandeiras. Não ao meu
alcance. Lembro que para comemorar o campeonato brasileiro de 75 eu me enrolei
numa colcha vermelha que uma vizinha gremista me emprestou e fui para a praça
Saldanha Marinho. Um fiasco, mas era o que eu tinha à mão e a conquista merecia.
Hoje em dia eu não consigo decorar a escalação de
uma equipe sequer. E se o assunto for seleção brasileira eu sou um total desastre.
Mas o time do Internacional de 75 está bem guardado na memória. Uma constelação
de craques. E na escalação desse Inter de 75 consta um armário de quatro portas
que jogava na frente da zaga. Dizem que Figueroa jogou tudo que jogou porque
havia essa muralha intransponível em sua frente. É bem possível. Caçapava era
esse armário, essa muralha.
No jogo pelo brasileirão de 2016 o Inter tomou três
do Botafogo e amargurou uma derrota em pleno Beira-Rio. Após o terceiro gol eu
pensei: precisamos de um Caçapava no meio-campo para fechar essa avenida. Verifiquei
alguns atuais nomes e não achei ninguém semelhante.
Caçapava – o ídolo que partiu no dia seguinte
aquele jogo – foi único e será sempre lembrado quando os atuais craques fizerem
lambança na zaga. Como aquelas no jogo em que foi derrotado por 3 a 2 pelo
Botafogo.
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