segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Há 45 anos – O Gol Iluminado

Athos Ronaldo Miralha da Cunha


O gol do Figueroa está eternizado na memória e na retina dos colorados.

Eu tinha 15 anos em dezembro de 1975. Era um fanático torcedor – a bem da verdade, ainda sou –, e tomado por grande ansiedade e muita expectativa. A data 14.12.1975 foi especial para uma calorosa Santa Maria. Um calor que sacramentou os abraços e afetos pela vitória.

O Inter vinha de ótimas participações nos campeonatos, mas não conseguia ser campeão. E aquele ano tinha que ser o ano das glórias. O Inter de 75 era um timaço: Manga, Claudio, Figueroa, Marinho, Vacaria, Caçapava, Falcão, Carpegiani, Valdomiro, Flavio e Lula. Um timaço, aço, aço. Provavelmente, o melhor de todos os tempos. O time da década de 70. O escrete que formou uma legião de torcedores pelo país, uma das maiores e mais apaixonadas torcidas do Brasil.

Foi uma grande festa quando o Valdomiro bateu a falta e o Figueroa – numa cabeçada certeira... e iluminada – coloca a bola no fundo da rede de Raul. O Beira-Rio veio a abaixo e a sala de minha casa também. Éramos uma gurizada fanática assistindo a inédita decisão.

A nossa televisão era uma Philips em preto e branco, mas a festa foi colorida de vermelho com Ki-suco de framboesa e bolacha Maria. Roíamos as unhas em cada cobrança de falta do Nelinho. Era um terror. Mas nós tínhamos Manguita na goleira a cometer milagres. Uma barreira intransponível!

Quando o juiz apitou o final da partida fomos em debandada para o centro de Santa Maria – na praça Saldanha Marinho – extravasar toda a nossa alegria.

Nós não tínhamos bandeiras, camisetas ou bonés. Tínhamos, apenas, o grito de campeão na garganta. É campeão!

Lembro que me enrolei numa colcha vermelha e saí para rua comemorar o título inédito.

A partir daquele dia “O gol iluminado” faria parte da história centenária do colorado. O instante em que um facho de luz eterniza um dos lances mais memoráveis da história do futebol. Um gol explicado pelos desígnios do universo ou de alguma divindade dos esportes ou de uma deusa que habita e abençoa o Gigante da Beira-Rio. Não tem outra explicação.

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