Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Seria a tragédia do milênio se algum dia
fôssemos assistir ao último Gre-Nal. Por algum motivo – que é impossível
imaginar, uma hecatombe talvez – não haveria mais esse clássico para alterar os
ânimos dos gaúchos. As segundas-feiras perderiam seu encanto, se é que existe
algum encanto numa segunda-feira. E os gaúchos entrariam em profunda depressão.
Mas o fato é que no domingo – 02 de dezembro de 2012 – assistimos ao último
Gre-Nal... no Olímpico.
Não era um clássico de alto risco, não estaria
a prova uma grande decisão. Mas era um jogo cheio de simbolismos. O enfrentamento
que encerrava uma Era no futebol gaúcho.
O atual momento do GFBPA o tornava favoritíssimo
para conquistar a vitória e a vaga direta na fase de grupos da Libertadores. Uma
questão de honra seria vencer o derradeiro jogo no Olímpico antes da demolição.
Se possível com goleada para sepultar o humilhante escore do primeiro Gre-Nal. Para
os fanáticos tricolores uma festa de despedida e homenagens em que o choro
seria, apenas, de emoção.
E para os colorados? Melar um pouco essa
despedida.
Com um desempenho mediando no campeonato
brasileiro, finalizar o ano com uma vitória sobre o arquirrival atrapalhando a
festa de adeus ao velho estádio, não deixaria de ser uma importante “conquista”.
Como diz o chavão: Gre-Nal é Gre-Nal.
Um jogo sem maiores
percalços torna-se uma epopeia digna de DVD.
O Internacional joga o segundo tempo
inteiro com dois jogadores a menos. E o que parecia ser uma avalanche de gols
para os tricolores, confesso que o escore de um a zero para o GFBPA eu
consideraria vitória colorada, transformou-se em jogo heroico para uma equipe
esgualepada, mas aguerrida em campo. O primeiro Gre-Nal no Olímpico foi 6 a 2 e
o último um grandioso empate com sabor de vitória.
O segundo tempo teve clima de decisão. Estava
em jogo a honra dos atletas, dos clubes e o passado de cada agremiação. O comentarista
falou que as expulsões, o antijogo, empurrões e brigas macularam as tradições do
Gre-Nal. Mas eu acho que para manter as tradições do clássico tem que haver
justamente isso: xingamentos, vontade, briga e dedo na cara. Senão não é
Gre-Nal.
O empate ficou de bom tamanho. Comemoram
os colorados um jogo que poderiam ser goleados. E choram os tricolores a
despedida do Olímpico.
Um jogo em que são expulsos três atletas,
os dois treinadores, bate-boca de cartolas e muito sangue nas camisetas é uma decisão.
Afinal, Gre-Nal é Gre-Nal.
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