Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Algumas atitudes
singelas de importantes líderes podem se tornar exemplos de cidadania. E,
convenhamos, são raras as demonstrações de humildade de pessoas famosas. E mais
raras, ainda, quando são travestidos de donos do poder.
O mundo gira
numa velocidade de uma bala de canhão. E, às vezes, falta tempo para a
simplicidade de um “Oi, tudo bem?”, um “Buenos dias” com um tapinha na aba do
chapéu ou 30 segundinhos para comprar um ramalhete de macela na praça no período
de páscoa.
É aí que entra o
modo de vida de duas pessoas públicas. E com atitudes exemplares, um tanto
inesperadas nos dias de hoje, adquiriram a simpatia de grande parte dos latinos
e do mundo: Pepe Mujica e Papa Francisco, respectivamente.
O presidente do
Uruguai é de uma simplicidade franciscana – sem trocadilho, certo? – mora em um
sítio, dirige um fusquinha e doa 90% do salário de presidente. Nos encontros do
Mercosul fica evidente que o Pepe Mujica é o que menos se preocupa com a
aparência. Eu ainda não vi o uruguaio usando uma gravata. A impressão que Pepe
passa é de que ele estava no sítio e, de repente, lembra do encontro com a Cris
e a Dilma, pega o fusquinha e vai para o aeroporto.
Na “posse” do
Papa enviou o vice-presidente, pois este é um religioso, e ele um ateu.
Descrente, afirma que no Uruguai a igreja está descolada do estado.
(Aqui deveria
fazer uma descrição da delegação brasileira à Itália e os gastos com hospedagem
e carros de aluguel, mas eu poderia xingar Deus e todo mundo e como Deus é
brasileiro e o papa é castelhano, eu poderia perder pontos com Ele, salvo se os
xingamentos fossem em espanhol, claro).
O outro exemplo
de simplicidade é, justamente, o papa eleito, o argentino Jorge Bergoglio. Na
primeira aparição desejou um boa noite e bom descanso aos presentes a praça São
Pedro. Posteriormente, quebrou o protocolo indo ao encontro de populares – colocando
em desespero os seguranças – e depois de uma missa cumprimentou os fieis na
porta da igreja. Em outro momento ligou para uma banca de revistas em Buenos Aires, um
aviso de que não precisava mais guardar o jornal. Do outro lado da linha um
incrédulo jornaleiro achando que era trote.
Recentemente
outro castelhano demonstrou sentimentos de solidariedade e visitou uma
“Piratinha” em Santa Maria. Um
golaço!
E, nós, gaúchos, admiramos tanto a garra e valentia castelhana. Aqueles invocados
que não levam desafora para casa. Vemos que força e ternura fazem parte dessa
alma platina.
São atitudes
admiráveis que encerra na frase “hay que endurecer, pero sin perder la ternura
jamás”. Como, certa vez, afirmou um... brasileiro?
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