... sob a ótica de um letrista.
O festival é de música – isso é ponto
pacífico – mas uma música é composta por uma melodia e por um poema (letra).
Então cabe algumas reflexões.
O encontro foi memorável, uma confraternização
e camaradagem sem precedentes. Toda vez que participo de algo semelhante sempre
comento que existe vida fora das metas dos gestores. Foram incansáveis todos
que dedicaram seu tempo para o bom andamento do evento. O maestro Tinoco é uma
pessoa simpaticíssima no trato e envolvimento com a perfeição.Assim, tem a minha admiração a banda e o vocal.
Mas temos que fazer uma reflexão para o
aprimoramento de cada Música Fenae. Como falei na reunião: não toco, não canto
e subi no palco, apenas, para receber o certificado de participação. Sou um
simples letrista incapaz de fazer um batuquezinho em uma caixa de fósforos.
Mas ainda assim passou a sensação de que
o letrista merecia um pouco mais de atenção. Nesse Música Fenae o letrista é um
“cidadão sem cidadania” como diz o último verso da belíssima canção “Cantiga da
perua”. O letrista é um não-participante. Um não-visto. Um não-premiado. Um não-convidado.
Sequer havia um prêmio para a melhor letra.
O júri era composto em sua larga maioria
por músicos, diga-se, com uma profunda experiência musical. E isso tem a minha admiração.
Mas faltaram jurados específicos para julgar as letras. Faltou um poeta de
ofício, alguém dedicado essencialmente à literatura. Um dos membros – estava no
currículo – ganhou um prêmio literário na categoria conto em 2006. Na minha
opinião, um modesto currículo. Parece que era apenas para constar que havia
alguém ligado à literatura.
Tenho acompanhado vários festivais aqui
no Rio Grande do Sul e posso afirmar que o corpo de jurados contempla na mesma proporção
músicos e letristas [poetas].
Penso que para melhor comprometer e
envolver o trabalho do júri deveria haver a divulgação das notas das canções
nos mais variados quesitos. O cerimonial deve ser melhor produzido, ou seja,
apresentar a música e o porque da letra e do tema. O cerimonial deve anunciar
as vencedoras, pois o presidente não é animador de auditório. Deve ter uma postura
de estadista do evento. {Batam com moderação nessa crítica}.
Deixo como sugestão de inscrições para
os próximos eventos – assim evita-se contratempos – a seguinte maneira:
Vou exemplificar com a nossa música.
Música: Passeata.
Intérprete: Angelino Rogério
Autor da letra: Athos Ronaldo Miralha da
Cunha
Autor da música: Angelino Rogério
E, por fim, sugiro uma reunião – nos mesmos
moldes da reunião inicial – no final do festival, para avaliação, críticas e
elogios. Ouvindo os participantes a Fenae poderá aprimorar a organização a cada
festival. E ganhamos todos em comprometimento e envolvimento com a arte na Caixa.
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