Um jogador de futebol, para ser completo, precisa
contemplar três condições: preparo físico, futebol no pé e futebol na cabeça.
O preparo físico, condição básica para qualquer atleta,
todos os jogadores profissionais têm e com sobra. Principalmente os jogadores
dos grandes clubes brasileiros.
Futebol no pé diria que a maioria dos profissionais
dos principais clubes possuem e esses são os jogadores medianos, fazem o
futebol feijão com arroz. E futebol na cabeça o campo fica bem mais restrito. Os
jogadores que reúnem esses três itens são craques, os gênios. Os inesquecíveis.
Os protagonistas. Aqueles que chamam o jogo para si e decidem as partidas.
Fabrício, o ala do Inter, tem os dois primeiros
quesitos. Possui um bom preparo físico e é habilidoso com a bola. Já jogou com
a camisa 10 num clube paulista. Mas falta ao Fabrício o futebol na cabeça. Tanto
para controlar sua emoção quanto para fazer uma jogada mais elaborada. Fabrício
não consegue surpreender, salvo negativamente.
No jogo contra o Ypiranga o lateral foi ao extremo.
Não temos notícia de algo semelhante num campo de jogo. O jogador, simplesmente,
para de jogar com a bola em andamento e se dirige à torcida com os dois dedos médios
em riste. Uma afronta para o torcedor. Tratar o símbolo de um clube – a camiseta
– com desprezo, outra afronta. Isso é imperdoável e torna explicável qualquer reação
da galera. No meu modo de ver, após esse destempero, Fabrício não tem mais condições
de vestir a camiseta do Inter. Sumariamente deve ser afastado do clube.
A imagem do dedo de Fabrício correu o mundo –
alguém de bom-humor teve a ideia de colocar essa imagem em frente da faixa pela
volta dos militares – esse povo é criativo na web. Mas eu prefiro guardar na
memória o primeiro gol da reinauguração do Beira-Rio. Foi um dos jogos mais
emocionantes que assisti, justamente, por estar assistindo a volta do Beira-Rio
e menos pela partida que foi vitoriosa sobre o Caxias com um gol de Fabrício.
Esse episódio envolvendo o dedo de Fabrício trouxe
à memória outro craque do passado que também sofria com as vaias, o Valdomiro. E
o ponta-direita da década de 70 superou esses traumas com dedicação e muito
treinamento.
Mas por incrível que pareça o dedo de Fabrício transcendeu
as linhas do gramado e eu não lembrei de outro jogador que foi vaiado ou
enfrentou a geral. Eu lembrei do dedo de Collor, mas aí é outra história com muita
vaia de uma enorme torcida e um perna-de-pau em Brasília.
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