Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O shortinho das gurias do Colégio Anchieta não me
sai da cabeça. É uma pauta muito curta, restrita ao verão. No primeiro sopro do
vento Sul será um tema esquecido. Mas é essa a pauta educacional dos últimos
dias: o uso do shortinho num tradicional colégio da capital.
Louvável essa iniciativa para discutir o machismo, justamente
na formação dos futuros cidadãos. Quando os jovens estão despontando para a
vida. Liberando aquela alquimia juvenil. E no bojo dessa discussão entra o bullying,
racismo, preconceito, discriminação e, principalmente, a educação. Esse o ponto
fundamental: educação.
E aqui entra o escritor Drummond na crônica e a ocupação
dos espaços públicos. Temos estátuas de personalidades nas mais diversas praças
e calçadas do Brasil. Essas celebridades homenageadas são seguidamente vandalizadas
ou agredidas enquanto obras de arte. Temos vários exemplos de obras
vandalizadas nesses espaços: Drummond e Quintana em Porto Alegre já sofreram
maus tratos na praça da Alfândega. Em Santa Maria várias esculturas já sofreram
com os vândalos. No Rio de Janeiro Drummond é um dos mais afetados pelos os maravilhosos
“turistas” acidentais na cidade maravilhosa. A mais recente foi a foto que
circulou na web de uma garota... mulher montada no cangote do poeta. Coitado do
estático Drummond “que não era as coisas e se revoltava”. Ela estava de
shortinho como se estivesse “Atrás da Verde-e-Rosa só não vai quem já morreu”. Não
era o sonho meu e nem de Drummond. Chocante para quem já esteve na orla e teve
o privilégio de tirar uma foto ao lado do poeta. Mas, então, temos que tratar
de shortinho e educação. Por que não?
O shortinho das gurias do Colégio Anchieta e a moça
de shortinho no cangote do poeta fizeram um bem para o debate. Temos que
combater o racismo na mais sua tenra idade, mas também a educação. E o nosso
relacionamento com os monumentos, com a arte e com a convivência urbana.
Vai ter shortinho sim. Mas esse “vai ter” vai muito
além do shortinho. Acho que vai ter cidadania... assim espero.
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