Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O futebol brasileiro está em crise. A seleção
brasileira não convence e consegue um fiasco na Copa Centenário tal e qual o 7
a1 na Copa do Mundo.
A crise no Brasil é sistêmica: política, econômica,
ética, representativa... e, por que o futebol seria diferente?
Achamos que a goleada sofrida contra a Alemanha
seria o fundo do poço e que o futebol renasceria das cinzas, mas uma entidade
que é dominada por picaretas prevaleceu a lógica das ferramentas, eles conseguiriam
cavar mais fundo. Os mesmos dirigentes, um ex-técnico ungido a zangado
diferente e o fiasco anunciado saltita nos olhos. Iludir-nos-emos contra o Haiti.
Mesóclise para não esquecermos o interino.
A crise no futebol é o reflexo do país e
vice-versa. No reino dessa “Dinamarca” há algo muito além do que algo de podre.
Perdemos o encanto com a política, como também
perdemos o encanto com o futebol. Há uma necessária moralização de ambos porque
ambos estão contaminados pelo vírus da corrupção. Carcomidos pela mesmice.
A ideia original da crônica seria o tema restrito
ao futebol, mas a política interfere no esporte e interferiu no texto. Lógico. Então,
que país é esse?. Virou que futebol é esse? E Renato Russo entra na história
porque a coisa está ruça.
Mas tentarei resistir e voltar ao futebol da seleção.
Não sei se sou eu que não tenho vocação para ter
ídolos – o último ídolo que tive se chamava Valdomiro Vaz Franco –, mas penso
que faltam ídolos na seleção. A torcida apaixonada precisa de ídolos. Um craque
que sirva de exemplo para a torcida e para os craquezinhos das escolinhas. Faltam
jogadores identificados com o Brasil. A impressão que tenho que cada convocação
vira uma grande festa. Uma grande brincadeira. Um baita baile funk. Extracampo
jogam para a torcida e dentro do campo jogam pelos cifrões. Ganhando ou
perdendo o volumoso “ganha-pão” está garantido. Quando o Brasil é
desclassificado de uma competição os atletas dão uma passadinha no Brasil e vão
sofrer os fiascos em Paris, Londres, Barcelona, Berlim e Roma.
A seleção precisa de jogadores com sobrenomes brasileiros:
fulano do Flamengo, cicrano do Inter, beltrano do São Paulo. Se fosse técnico convocaria
jogadores atuando no Brasil. Teria cotas para estrangeiros, uma espécie de política
afirmativa para brasileiros que jogam no exterior.
Talvez, assim, a torcida tornar-se-ia mais
identificada com a seleção. Segunda lembrança do interino. E chega dessa
paranoia.
Pode ser que o novo técnico consiga dar uma
revigorada nessa turminha de deslumbrados chutadores. É possível que consiga um
maior comprometimento. Mas a moralização do futebol brasileiro não será
resolvida com a troca do técnico. O que a torcida deseja é uma distribuição a
rodo de cartões vermelhos para essa cartolagem usurpadora. Mas por enquanto o
culpado é o Dunga, esse, sim, o verdadeiro interino.
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