Em 2011 uma gurizada faceira de Dom
Pedrito ganhou mídia nacional porque transformou o Hino Nacional em um funke e
mostraram seus requebrados nas dependências de um quartel. Os miliquinhos da
pampa gaúcha tinham uma ginga guasca.
Nessa semana, trabalhadores do
judiciário fizeram uma coreografia do Harlem Shake sobre processos no judiciário
de Novo Hamburgo. Mais requebrados de jovens gaúchos para o mundo ver.
Indignação maior seria se a dança fosse chula. Chula, a dança tradicional do
Rio Grande, certo?
Uma atitude desrespeitosa nas
dependências da 2ª Vara Civil. Um acinte a quem pena por anos afio pelo
andamento dos processos. Ou seria apenas uma descontração de final de
expediente? Ah! Se na 2ª vara tivesse umas varinhas de marmelo?
Os jovens eram funcionários de uma firma
terceirizada e foram demitidos sumariamente. A bem da verdade, sem direito a
defesa. Tamanha insubordinação e desrespeito com o judiciário e a coisa pública
não ficaria impune.
Antes de crucificarmos os “bailarinos”
do judiciário, cabe salientar algumas questões recentes envolvendo a nossa
justiça, a nossa Suprema Corte. Há poucos meses assistimos em rede nacional uma
“bateção” de boca e cala-te boca no STF. Ministros faltando com o respeito para
com seus pares. Julgamento e punição aos corruptos a gente conta nos dedos de
uma mão.
Num país em que corruptos condenados
pela justiça fazem parte da Comissão de Constituição e Justiça da Câmera. Um
notório racista e preconceituoso preside a Comissão de Direitos humanos. E um
latifundiário – ganhador da motosserra de ouro do Greenpeace – na presidência da
Comissão do Meio Ambiente do senado. O que dizer da dança dos jovens sobre
processos?
Aqui na província o Ministério Público
simplificou em meia dúzia de indiciados as 13 mil páginas de inquérito policial
no caso da boate Kiss. A sociedade esperava mais. Após vinte anos inicia-se o
julgamento do massacre do Carandiru. Esses são apenas alguns exemplos de como
anda a justiça no Brasil. Então, nos revoltamos porque meia dúzia de jovens
rebeldes e inconsequentes resolve dançar um Harlem Shake em cima de uns
processos.
Sabe o que mais me revolta? O tipo da
música que escolheram. Tinha que ser Harlem Shake? Poderia ser um chamamé. Um samba
de raiz. Um xote figurado. Ou quem sabe uma milonguinha para dançar de rosto
colado.
Como tenho a impressão que tudo isso é
um grande circo, acho que a dancinha do judiciário da 2ª Vara de Novo Hamburgo
faz parte do espetáculo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário