Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O “corridão” – como diria meu avô – que
o Vanderlei Luxemburgo levou no final do jogo contra o Uachipato foi
memorável. São nesses momentos que
percebemos a valentia do ser humano. O Luxemburgo ao fugir dos jogadores chilenos
caiu e perdeu a pose de machão. Sujou o terno Armani e foi amparado por
policiais. Nem parecia o Luxemburgo que botou o dedo na cara de um gandula num
Gre-Nal.
O fato é que o futebol profissional não pode
ser resumido em arranca-rabos, socos e pontapés numa lambança geral. O futebol
envolve a paixão dos torcedores e, atualmente, temos muito radicalismo em nome
de uma paixão tresloucada. O futebol precisa de mais arte e menos bola para o mato.
O fato é que a “Fifinha” americana deve
tomar uma atitude mais ríspida contra equipes que não sabem perder e
protagonizam lances de irresponsabilidade e selvageria. E treinadores que querem apitar junto com o
árbitro. A cada final de partida, principalmente as decisivas da Libertadores,
vira esse tumulto como foi o jogo no Chile. Então, a Conmebol deve ser mais
disciplinadora e punir com mais severidade para inibir tais práticas
antidesportivas.
No entanto, a atitude valente do Luxa
fez lembrar algumas outras atitudes de extremada valentia do próprio Luxa e de
um craque da seleção Canarinho. Num jogo amistoso contra a seleção Uruguaia em abril
de 1976 o nosso Rivelino – tricampeão de 70 – também saiu em disparada do
Maracanã. Fugindo de dois ferozes charruas escorregou e sumiu escadaria abaixo
rumo ao vestiário. Não apanhou, mas ficou com a bunda toda esfolada. O jogo era
no Brasil, muita gente para defender, não haveria a necessidade de se borrar
todo.
Bem mais recentemente, no Gre-Nal da final
da Taça Farroupilha 2012, o Vanderlei Luxemburgo foi de dedo em riste para cima
do brutamonte do pobre de um gandula. Raivoso, xingou e esperneou. Tudo por
conta do escanteio cobrado por Dátolo. O valentão Luxa não gostou da forma que
o gandula repôs a bola. O jogo virou um tumulto generalizado com bate-bocas e empurrões.
O técnico do co-irmão foi expulso e o gandula culpado pelo alvoroço.
Nos episódios em que o Luxa se envolveu –
no Chile e aqui em Porto Alegre –,
podemos concluir que é muito mais fácil ser valente para cima de um gandula do
que para cima dos jogadores do Uachipato. Isso que o Luxa não deu de cara com o
cotovelo de um certo chileno que andou jogando por essas bandas, lá na década de
70.
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