Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
Não pretendia
escrever sobre a torcida mista, pois seria chover no molhado. A iniciativa
recebeu os merecidos elogios para uma paz nos estádios. A imprensa gaúcha foi
unânime em caracterizar a iniciativa como uma das mais belas dos últimos tempos
em um Gre-Nal. Claro, com a exceção de um comentarista de São Paulo metido a
besta. Um comentário insignificante que sequer merece crédito.
No entanto,
nesse mês de março tive a oportunidade de assistir a um jogo na torcida mista
do Maracanã. O clássico em questão era Fluminense x Botafogo com vitória do Flu
por três a um.
Como seria
de esperar, a convivência foi pacífica nas dependências do estádio bem como na
arquibancada. Na torcida mista do Maracanã havia uma bandeira do Fortaleza e
uma do Internacional, lógico. Uma foto ilustra esse texto. No gol do Botafogo comemorações
dos torcedores e silêncio do Fluminense. Logo em seguida o inverso aconteceu
com o gol do Fluminense. Tudo estava muito tranquilo até que um bate-boca
acirra os ânimos. A poucos metros de onde estava um velho torcedor do Botafogo
entra em confronto verbal com um jovem torcedor do Fluminense. Confesso, achei
que os camaradas iriam se pegar no tapa, foram instantes tensos e um deles deu
as costas e se dirigiu ao setor de
lanches.
Podemos
afirmar que a torcida mista do Maracanã, naquele caso, era bem diferente da
torcida mista do Gre-Nal. No Gre-Nal um colorado convidava um amigo gremista para
ir ao estádio. E essa estratégia foi fundamental para evitar um provável acirramento
durante o jogo. No Maracanã a torcida mista é em sua essência. O torcedor
compra o ingresso para aquele local. Diria mais, é uma torcida mista, inclusive,
com torcedores de outras equipes, como era o nosso caso. Ali também havia
torcedores turistas que estavam para conhecer o estádio da Copa. Acredito até
que pouco entendiam de futebol ou o que se passava em campo.
Então,
me ocorreu uma grande dúvida: será que uma torcida mista nos moldes da torcida
do Maracanã teria êxito no Beira-Rio ou na Arena? Aqueles xingamentos durante o
jogo e o ferrenho bate-boca no intervalo, aqui no sul, seria algo tranquilo ou acabaria
em socos e pontapés?
Embora
esteja com essa dúvida, imagino que a experiência do último Gre-Nal deva ser
mantida porque é a vitória da paz sobre os vândalos. E é pedagógico. Precisamos
de mais torcida mista mesmo que seja entre um jovem casal de namorados ou uma
mãe que acompanha o filho. O que importa é uma camisa vermelha ao lado de uma
azul.
Ao final
do jogo os torcedores deixaram as dependências do estádio numa boa com alguns turistas,
ainda, tirando algumas fotos para recordação.
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