Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O primeiro “Fora” que participei, e com
relativo sucesso, foi o “Fora Collor”. Um momento histórico ímpar para os brasileiros,
com efervescência política e muito envolvimento dos cidadãos de todas as camadas
da sociedade. Clamava-se, naqueles anos 90, por menos corrupção e mais
seriedade com a coisa pública. O “Fora Collor” culminou com o impeachment do presidente
que renunciou ao cargo na undécima hora. No meu entendimento a cena mais
marcante daquele período foi, justamente, os panos pretos nas janelas dos edifícios
de todo o Brasil. Aquela atitude decretou o fim da Era Collor no Palácio do
Planalto, na Casa da Dinda e no Lago Paranoá com o seu jet ski.
Collor amargurou o banco de reserva por
dez anos e hoje é um senador e aliado político de seus principais algozes. Fazer
o quê?
Outros “Fora” foram propostos nessa vida
republicana brasileira. O “Fora Sarney” não fora suficiente para defenestrá-lo
do poder. O “Fora FHC” surgiu em algumas manifestações e textos na mídia,
principalmente, quando a emenda da reeleição fora aprovada e, até hoje, pouco
convincentemente explicada. Quem estava por fora naquele período era justamente
o povo. O “Fora Yeda” foi o mais ineficaz dos “Fora” dos últimos anos. A governadora
passou incólume e altiva embora claudicante.
Esses “Fora” não prosperaram porque não havia
indícios para abertura de inquérito, como também, vontade política, porque
impeachment, como sabemos, é um julgamento político.
O “Fora Dilma” ganha adeptos por conta
de todos os desmandos dos políticos das últimas décadas. É o trasbordamento de
quem não aguenta mais tanta corrupção e poucas atitudes convincentes de
gestores públicos. É um basta. É um chega. O “Fora Dilma” como discurso político
e engajamento de militantes é legítimo. Afinal, estamos numa democracia. Agora,
o caminho é longo até a abertura – se houver – do processo de impeachment. A sociedade
precisa ter ciência de todos esses trâmites. O discurso “afoito” só da boca
para fora diante de um microfone.
O processo de impeachment é um
julgamento político e, sendo assim, envolve as engrenagens e interesses dos
nossos parlamentares do Congresso. E isso escapa por entre os dedos de reles
mortais. Mas acredito que não prospera, creio que o melhor para o país é a presidente
Dilma ser julgada com o voto em 2018. A presidente Dilma precisa de um estafe
que faça uma análise real e menos militante dos gritos das ruas. E tomar as rédeas
desse governo.
Alguém aí falou em golpe? Também não acredito
– sou descrente e já faz um tempinho –, acredito nas instituições e partidos
democráticos. Esses Bolsonaros da vida são iguais a tosa de porco: muito berro
e pouca lã. São figuras bizarras do nosso Congresso que não devem ser levadas a
sério.
O Brasil precisa de seriedade com a
coisa pública nas ações do governo e o fim da impunidade para os crimes de
colarinho branco. Apenas isso, caso contrário, haja panelas para os panelaços e
militantes para compartilhar memes nas redes sociais.
Um comentário:
"Tosa de porco" kkkkk ri alto aqui! Adoro essas analogias
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