Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Os discursos da presidente Dilma são inspiradores. Os
cronistas políticos agradecem os pensamentos pós-modernos e vanguardistas
quando ela envereda para o improviso. Imagino, quero crer, que tenta uma
linguagem popular, mais voltada para o povo. E sem o traquejo de seu antecessor,
descamba para o risível. Para uma filosofia de botequim.
A última: estocagem de vento. Convenhamos, no Ponto
de Cinema Bar teríamos panos para a manga por horas a fio.
A militância das redes sociais é fiel. Disciplinada
e ordeira e multiplica explicações de vento em popa. Eu fico perplexo lendo os
textos de alguns “ministros” da Dilma tentando explicar sobre a possibilidade
de estocagem de vento. É uma atitude louvável, admirável até esse esforço militante,
mas é mais ou menos como explicar a geração infinita de energia amarrando um
pão com manteiga nas costas de um gato.
Mas quando se falou, pela primeira vez, em vento
estocado eu lembrei que na minha tenra infância existia um tal vento encanado. Então,
concluí que seria relativamente fácil armazenar ou estocar o vento, bastava
antes de tudo saber como encaná-lo. E encanar o vento é coisa da vovó.
Muito antes de a Dilma estocar o vento, minha vó
encava. Minha vó entendia bem de “vento encanado”, inclusive ela sofria de
vento encanado e era um mal curado com agasalho. Do vento encanado para a pontada
era um pulo.
Como encanar o vento?
Em dia de ventania temos que abrir, simultaneamente,
a porta da frente da casa e a porta do fundo. Todas as demais aberturas devem
permanecer fechadas. Então, quando o vento entrar pela porta da frente,
automaticamente, ele vai sair pela porta do fundo. Aí teremos o vento encanado.
Agora, temos que ser rápidos o suficiente para fechar a porta do fundo e da
frente após o vento ter entrado, nesse instante teremos o vento estocado, ou
armazenado, ou aprisionado. Como deseja a presidente.
Essa experiência poderá ser feita, com certa
facilidade, em Santa Maria nos dias de vento norte.
Se, após todos esses procedimentos, a experiência não
der certo, não basta se queixar para o bispo, tampouco para a Dilma, porque ela
está caminhado contra o vento, sem lenço e sem documento...
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