Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Certa feita, estávamos em Buenos Aires
tomando um cafezinho no aeroporto e aguardando a conexão. De repente, uma
barulheira pelos corredores e logo em seguida cruza a torcida do Corinthians –
aquele bando de louco –, estavam acompanhando o time em um jogo pela Libertadores.
Um castelhano na mesa ao lado puxa conversa criticando a falta de educação
desses brasileiros. Concordei com meu portunhol e ele apontou o dedo para mim.
– Usted es brasileño?
Tive que concordar, mas puxei da
carteira minha carteirinha de sócio do Internacional. E fiquei em paz
aguardando a conexão.
– São uns arruaceiros.
O castelhano não entendeu bem e eu não
iria traduzir para “acalleceros”, nem sei se isso existe.
Semana passado eu estava no aeroporto Salgado
Filho, aguardava o voo para São Paulo, quando vejo um bando de fanáticos, todos
fardados com as indumentárias do Brasil de Pelotas. A torcida do Xavante
estacionou no mesmo portão onde eu estava. Acho que tenho vocação para
acompanhar equipes de futebol em jogos decisivos. Esse voo promete, pensei
contemplando a aeronave. E continuei minha leitura de “O leitor do trem das 6h
27”. Não tinha outra opção, fiquei aguardando o embarque do voo das 10h 25.
Foi uma viagem tranquila e eu quebrei a
cara. A turma do Brasil era silenciosa e a conversa cheia de esperança. Fiquei
na fileira entre dos Xavantes, papeamos sobre o futebol do interior e das
possibilidades do Brasil de Pelotas em Fortaleza. Disse que estava na torcida,
afinal, seria muito bom para o futebol do Rio Grande do Sul ter um
representante na serie B do Brasileirão. Sem falar nas verbas publicitárias e no
televisionamento dos jogos. Uma visibilidade para o clube e para os atletas. Mas
interiormente, sinceramente, eu não acreditava. Uma luta inglória. Eu quebrei a
cara pela segunda vez.
Parabéns a toda apaixonada torcida do Xavante.
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