Conhecemos Anita como uma mulher destemida e
revolucionária. Guerreira e libertária, uma pessoa adiante de seu tempo. Anita
Garibaldi símbolo de liberdade.
Mas, por enquanto, eu gostaria de falar sobre
outra Anita. Ela mora aqui em casa. É inquieta e, imagino, muito independente.
A Anita aqui de casa tem quatro patas e é agitada e alarmista. Extremamente
escandalosa. Se vamos passear ela bota a boca em qualquer quadrúpede, bípede ou
sei lá quantas patas tiver o vivente que passar pelo seu caminho. É metida e
invocada. Penso que é bem parecida com a Anita – a humana.
Nos últimos tempos ela fez amizade com alguém
da mesma espécie que mora do outro lado da rua, na quadra seguinte. Em alguns
momentos conversam animadamente e cruzam as noites em altos papos – por vezes
os papos são, literalmente, altos – e cada uma em seu portão. Mas eu acho que
em outras situações elas brigam e o xingamento é de parte a parte. O nível
baixa como se elas tivessem polemizando no Facebook sobre o tríplex do
Lula.
Eu não me importo que ela tenha amigos na
redondeza e emita suas opiniões na cerca da casa, acerca de qualquer assunto em
alto e muito elevado bom som. Mas
precisava ser nas altas horas? Durma-se com uma discussão dessas!
Na noite passada eu tive a nítida impressão que
ouvi um xingamento tipo “Coxinha nojenta!” feito pela Anita e, de pronto, uma
resposta “Petralha analfabeta!” vinda da amiga lá da outra quadra, mas foi só uma
impressão minha. Desconfio – apenas desconfio – que entre elas há uma
divergência tipo PSDB X PT.
Anita é muito inserida e espaçosa. Ela só não
entica com a Olga. A Olga ela respeita, o furo é bem mais embaixo. A Olga tem
uma habilidade grande com as mãos. Acho que ela possui alguma noção de artes
marciais. E dá cada arranhão na Anita. A Olguinha não se mixa.
Ah! A Olga é a gatinha da casa. Silenciosa,
calma, mas muito senhora de si. Muito diferente de uma outra Olga que como a
Anita era “faca na bota”. Ambas revolucionárias e destemidas.
Agora que cheguei ao final da crônica fiquei na
dúvida se escrevi sobre a cachorra e a gatinha que habitam essa casa ou sobre
duas mulheres guerreiras.
Um comentário:
Gostei!
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