Athos Ronaldo Miralha da Cunha
No mesmo instante em que o Supremo
Tribunal Federal estipula as penas dos figurões da política nacional – em breve
assistirão o sol nascer quadrado –, e dos presídios veem as ordens de
vandalismo em São Paulo e Florianópolis, o Ministro da Justiça me sai com essa:
“Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão
nossa, eu preferia morrer”.
Não sei se rio ou se choro.
Se o ministro que tem a caneta na mão
para resolver as questões de segurança prefere morrer o que dirá de nós meros
mortais...
Lembrando que José Eduardo Cardozo é
governo a, pelo menos, dez anos. E só agora haja essa constatação. O que
esperarmos dos governantes no tocante a segurança?
Logo que ouvi essa pérola do ministro,
lembrei uma outra frase – que também envolvia o ato de suicídio de um
governante – e causou impacto nos brasileiros pronunciada pelo presidente João
Figueiredo. Ao ser perguntado o que faria se tivesse que viver com um salário
mínimo por mês. “Dava um tiro na cabeça.” Foi a resposta do presidente que
preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo.
Muitos anos separam as frases, mas
demostram o descaso desses senhores com a coisa pública e com o povo. São pessoas
acostumadas e bem adaptadas às engrenagens do poder e se mantém distantes dos
problemas que afligem a nação. Ao invés de propor políticas para solucionar os
problemas, preferem frases de efeito e mídia.
Maluf incluiu em seu reportório o
“estupra, mas não mata”. Marta Suplicy o “relaxa e goza” que é um estupra, mas
não mata light. E assim vamos indo nessa democracia a espera de melhora, pão na
mesa, saúde, educação, mas o que vemos é trololó e nhenhenhém.
Carlos Drummond escreveu “São tão fortes
as coisas! Mas eu não sou as coisas e me revolto.” Diante dessa inanição para
resolver problemas cruciais e eternos nos resta sonharmos com a próxima eleição
para, novamente, mudar as coisas. Mas com a clareza que não somos as coisas.
Nas questões que envolvem políticas públicas
cada cidadão não pode ficar no seu quadrado. Claro, os condenados devem
permanecer cada um no seu quadrado, mas um ministro, jamais.
A propósito: Ministro! Eu também
preferia morrer.
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