Um
livro do Colmar Duarte a gente espera mateando despacito sob as melenas de um
umbu. Aguarda-se na expectativa de nos encontrarmos como gaúchos. Pacientemente
contemplando o pôr do sol na pampa, saboreando os doces sonhos de criança ou na
parceria de um mate cevado pela patroa.
Um
livro do Colmar transita pela vivência dos autênticos homens e mulheres do
campo e a profundidade dessa alma campesina que habita em cada um de nós. Tem cheiro
de mato e plenitude do cosmo. O livro do Colmar Duarte é neto de uma torcaça e
do vento Pampeiro. É um cardeal nas laranjeiras.
A
universalidade está expressa na trajetória literária desse uruguaianense. E em
“Frutas amargas” temos o universo dos gaúchos, os encontros e desencontros. As perdas
que amarguram corações e sentimentos feridos por uma partida. Há traição, amizade
e um desejo incontido de ser feliz.
Há
muito mais em “Frutas amargas”. A esplêndida diferença entre paixão e amor: A paixão é tormenta, o amor é chuva sem vento.
A paixão derruba muros e arranca telhados que, ao serem reconstruídos, apagam
os rastros de sua passagem. Já quando do amor se trata, os ventos não destroçam
muros nem levam telhados, mas abrem fissuras e deixam goteiras; e essas são
para toda a vida.
Há
sentimento, saudade, olhares furtivos, tiradas espirituosas – temperos de um
humor campeiro e inteligente – e reflexão sobre o que temos feito e o que
deveríamos fazer. No livro o campo está presente e o campesino é protagonista.
Nesse
“Frutas amargas” temos um passeio pelos pagos gaúchos. Personagens marcantes
por serem simples e, dialeticamente, complexos por serem tratados com destreza
e sapiência de quem carrega no seu interior a lida campeira.
“Por
algo sou pelo duro e o campo é meu elemento, na alma penas e vento” é assim que
Colmar se define como um genuíno pampiano no poema “Canto livre”. E, assim,
também é a narrativa: o campo é o elemento.
Tome
um mate sem pressa e vá sorvendo essas páginas, pois não faltará tempo e açúcar
suficiente para as “Fruta amargas” que necessitamos adoçar. Pois, o que era
doce não foi esquecido. Como bem falou a marcante personagem Dalva.
Boa
leitura.
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