Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
Existe
duas versões para a origem da palavra Montevideo. E ambas remontam – lógico – a
um espanhol antigo. A primeira: Montevideo seria a contração de “eu vi o monte”.
A segunda: seria o monte VI (romano) de leste a oeste, ou seja o sexto monte de
leste a oeste. Cá entre nós, ambas são convincentes.
Então,
chegamos ao SAL – romance de Leticia Wierzchowski – que tem como ambientação um
povoado “La Duiva” próximo a um farol. E, possivelmente, seja o VI monte de
leste a oeste.
Sal é
um doce romance, uma doce leitura. Como tenho o hábito de ler dois livros ao
mesmo tempo o romance da Leticia fez com que abandonasse a leitura do outro
livro – não vou revelar para não melindrar o octogenário autor, mas prometo
retomar a leitura – e me dediquei exclusivamente ao Sal.
O capítulo
de Tibérius ao encalço de seu irmão Orfeu é uma pérola. O encontro sob o Arco dell’Annunziata
na Itália é de uma sensibilidade a toda prova. Uma deliciosa viagem dos
personagens e um agradável passeio literário. Momentos de profunda inspiração.
E, assim,
perpassa a saga da família Godoy nas mãos de Cecilia num interminável tricotear
sob o farol da ilha La Duiva. Uma narrativa que arrebata e nos prende. Muita poesia
e sentimento nas mais singelas ações do nosso cotidiano no relato da vida de
marcantes personagens. Tudo colocado no seu devido tempo. Tudo descrito nos
seus pormenores. Tudo muito introspectivo. Tudo. Tudo. Tudo.
Uma prazerosa
leitura, mesmo que você seja hipertenso, esse Sal proporcionará a tranquilidade
necessária em momentos de reflexão. Vá sem pressa, um sal que faz bem à saúde.
Ah! Montevideo
não é citado em nenhum momento no livro, mas é uma constante nas páginas e nas
idas e vindas dos filhos de Cecília.
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