Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Quando resolvi escrever essas modestas e rasas
reflexões fiz uma relação de nomes e siglas que evitaria nos textos. Para não
carimbar ou taxar pessoas ou entidades. Mas escrever sobre a esquerda nesse
momento no Brasil e não escrever a sigla PT [uma das siglas na minha relação]
seria estranho. Então, resolvi fazer um texto exclusivo para tentar buscar
respostas e caminhos.
A Curva de Gauss é a representação de um gráfico em
forma de sino. Começa com uma ascensão até o ápice e depois inicia o declínio. Podemos
enquadrar o governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores nesse gráfico.
Iniciou a ascendência em 2003 com o primeiro governo de Lula e atingiu o ápice
com a reeleição da Dilma. Aí o gráfico começa a inverter-se e inicia o declínio
e atinge o ponto mínimo em 2016 com as eleições municipais. O PT foi o maior
derrotado. Um alvoroço geral na esquerda em busca de explicações. A melhor e
mais fácil maneira de encontrar repostas é culpar terceiros, mas não é esse o
intento. Claro e evidente que houve uma maciça campanha externa, o antipetismo
veio junto com a raiva em alguns casos, mas o grande problema da esquerda – no
meu entendimento deve ser resolvido dentro da esquerda – está no seu interior é
lá que devemos buscar as respostas.
Lula prometeu ética e um novo jeito de governar e,
sabemos, isso não ocorreu. Tudo é uma questão de expectativa. Vale para um
filme, livro ou qualquer manifestação. Por exemplo: um livro que a gente adquire
com uma enorme expectativa, mas embora um bom livro, não atinge a nossa elevada
perspectiva de desempenho. Assim foi com o governo de Lula, embora os enormes
avanços nas politicas sociais, a decepção foi grande por conta da mesma forma
de fazer política. O PT não conseguiu fazer uma nova política e enveredou para
o velho toma-la-da-cá. O PT fez exatamente igual ao mais tradicional partido. E
quando o “toma-lá” foi insuficiente o “da-cá” mostrou suas garrinhas. E nós
chegamos a base mínima da Curva da Gauss com o impeachment da Dilma e o
resultado das eleições.
Desencanto, num primeiro estágio, e desilusão num
segundo momento para definir esse sentimento. Desencanto e desilusão com o PT
encerram tudo o que aconteceu em 2016. E a culpa não é dos desencantados e nem dos
desiludidos.
Outro parâmetro que fixei para os textos foi o
tamanho: em torno de 2300 caracteres para não torrar a paciência dos amigos que
estão acompanhando.
Então, segue o “Debandada II” para seguir a
reflexão. Mais sobre o PT.
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