Athos Ronaldo Miralha da Cunha
2016 foi o ano em que o PT sofreu a maior derrota
em um pleito. O ápice negativo de uma trajetória politicamente tumultuada nos
últimos tempos.
Tragicamente inesquecível como o 7 a 1 da seleção
em 2014. Mas a política não é como no futebol que basta trocar o treinador. Envolve
uma complexidade de argumentos e contra-argumentos. E não vai ser fácil
assimilar e compreender essa acachapante derrota.
Especificamente, aqui no Rio Grande do Sul, algumas
celebridades têm reputação e autoridade para propor mudanças e fazer
autocrítica. Olívio, já faz algum tempo, identificou as más companhias e
sugeriu uma atitude mais severa do partindo e menos condescendência com os
dirigentes inescrupulosos. Tarso defende a tese da refundação e já faz um bom
tempo também. Mas o PT está estático. Em repouso. Parece que o PT não está
muito disposto a discutir... então...
A revista ISTOÉ identificou uma debandada do PT com
uma reportagem de capa. Enumerou alguns deputados nessa articulação. E se o
partido não tomar as rédeas desse processo e chamar para si o debate é o que
vai acontecer. O partido precisa se reinventar profundamente.
O PT envelheceu e foi incapaz de se renovar.
Acomodou-se nas instâncias da burocracia e deixou a lo largo o debate, as discussões que eram as marcas do partido
nos anos 80/90.
Não forjou novas lideranças e ficou refém do
carisma de Lula. Os sindicalistas foram cooptados e os intelectuais
silenciaram. O debate sucumbiu com a necessária e pragmática governabilidade.
E agora, diante dos escombros, o partido se vê numa
encruzilhada e com isso estende esse trauma a toda esquerda. Diante do
arrefecimento da esquerda a direita sai às ruas. Uma esquerda arrefecida sai
das urnas em 2016 e uma direita afoita entra em 2017.
O PT precisa renascer e é provável que renasça, mas
nada será como antes. É impossível reviver aqueles momentos de rebeldia. O PT
sobreviverá, mas não nos mesmos parâmetros pelos quais foi concebido. Compactuo
com a ideia de refundação, mas acho que não prosperará. A estrutura atual do
partido é de difícil ruptura. E uma vanguarda já na faz tanto sucesso como
fazia em outros tempos.
Não sei se a palavra debandada é a mais adequada
para os próximos momentos do PT, mas, no entanto, é fato que a sigla sofrerá alguns
reveses em suas fileiras. E, convenhamos, é bom que assim seja. Talvez seja bom
para a própria esquerda e ela se reconstrua com novas forças para enfrentar os
novos cenários e desafios políticos.
Pode ser que a esquerda se reúna em uma Frente
Ampla – a melhor hipótese – e se reorganize em torno de propostas de cunho
social dentro de uma ideia popular de governo.
É uma saída factível para esquerda e que contempla
também o PT tenha ele o tamanho que tiver.
Encerro aqui essas modestas e pretensas reflexões
de novembro.
Aos amigos que me acompanharam até aqui, deixo o
meu sincero agradecimento, espero ter contribuído de alguma forma para compor
uma opinião sobre esse momento atual.
Volto para os meus contos e crônicas.
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