domingo, 31 de julho de 2011

Um soco no ar

Athos Ronaldo Miralha da Cunha
twitter.com@athosronaldo

O gol é a máxima emoção do futebol. Quarenta mil pessoas em um estádio só têm um pensamento: ver a bola balançar a rede. E as comemorações tornam-se marcas dos goleadores.
Um soco no ar foi a marca registrada de Pelé na copa de 70. Gestos como se estivesse nanando uma criança foi a de Bebeto na copa de 94. Coraçõezinhos para a amada do momento. Juras de amor diante da câmara. Bigode para homenagear o avô. Na maioria das vezes usa-se a criatividade e o humor.
Leandro Damião, num jogo do Gauchão, contou nos dedos até oito para tocar uma flauta pelo tempo extra a favor do Grêmio na final da Taça Piratini. A resposta veio no jogo seguinte com os jogadores do coirmão comemorando à Kidiaba no jogo em que o Todo Poderoso Mazembe desclassificou o Inter do mundial interclubes. Kidiaba não fez gols, mas festejava de uma forma muito estranha, convenhamos.
No entanto, há duas situações em que os jogadores – verdadeiros profissionais da bola – não comemoram o gol.
A primeira é quando um atleta enfrenta seu ex-clube. O time que o projetou para o mundo do futebol. O clube dos primeiros fundamentos e possivelmente sua paixão futebolística. Então, se o craque marcar um gol ele não comemora. Em respeito, pega a bola do fundo da rede e recoloca no centro do campo. É uma espécie de fair play com seu passado. Nesse caso o atleta tem que estar comprometido com sua história, com as raízes do clube. O caso mais recente aconteceu na Copa Audi na Alemanha. Alexandre Pato não comemorou o gol que fez no Internacional.
Infelizmente, no último jogo entre Flamengo e Grêmio o Ronaldo Gaúcho não teve essa perspicácia, essa grandeza com o clube que o projetou. Seria o momento de se redimir com o torcedor tricolor, mas a emoção foi mais forte e o sorriso brilhou na face do craque. Mas o Ronaldinho já está bem adaptado à malandragem carioca. O R10, definitivamente, é persona non grata no Olímpico. Ele deve estar “muito feliz”.
A segunda situação em que um jogador não comemora o gol é quando acontece o dito gol de honra. Alguém comemoraria com um salto e um soco no ar se estivesse tomado sete a zero? Acho que não. Claro, o Ronaldinho Gaúcho é um caso particular.