terça-feira, 28 de julho de 2015

Contos de Chumbo




Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Nos últimos anos, o Brasil foi tomado por grandes manifestações. Multidões nas ruas expressaram seu descontentamento com os rumos da política e da economia. O que mais causou polêmica nos protestos foi a reivindicação, através de palavras de ordem e de faixas, pela volta dos militares ao poder.
Como sabemos, a ditadura brasileira foi cruel para quem não concordava com o regime. Até hoje famílias amarguram o desaparecimento de seus entes queridos e rezam diante de sepulturas vazias. Constituiu-se num  período de chumbo para a democracia, para a liberdade de expressão e para os brasileiros. E, para sintetizar nosso anseio, uma frase é significativa: ditadura nunca mais!
Esse “Contos de chumbo” retrata um pouco da história recente do país. Os percalços de quem era contra e a desumanização das forças de segurança. As contradições e utopias dos guerrilheiros, da imprensa cerceada no ato de informar e das atrocidades dos militares cumpridores do seu dever. Alguns dos contos remontam à época e ao ápice da ditadura na sua fase mais implacável e outros são memórias de quem sobreviveu e resolveu contar suas sombrias reminiscências.
Aqui tudo é ficção, mas bem que poderia ser verdade. Leia desarmado.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Homenagens – Beira, Bombril e Buraco



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

No site do “Club de Fútbol Tigres de la Universidad Autónoma de Nuevo León” consta o jogo contra o Inter no Estádio José Pinheiro Borba”. [O correto é Borda]. Mas isso me chamou atenção pelo fato de pouco ser divulgado o homenageado que dá o nome ao Beira-Rio. Achei muito legal essa atitude dos mexicanos, pois nós sempre vamos ao Beira-Rio e poucos frequentam o José Pinheiro Borda. Postei um breve comentário acerca desse tema, e mantive o foco no caso do Inter para não estender o assunto. Tenho mania de escrever no máximo dez linhas, para não tomar tempo e chatear os amigos que ainda leem o que posto. Mas existe casos que temos que argumentar um pouco mais. E o assunto homenagens é um bom tema.
O Claudemir Pereira lembrou dois casos “de descaso” com os homenageados em Santa Maria. Começa numa brincadeira e fica definitivo. É uma cultura da simplificação, é bem-humorada e facilita: Farrezão e Bombril é fácil de guardar. Mas seria interessante, de vez em quando, afirmarmos “Centro Desportivo Municipal Miguel Sevi Viero” e “Centro de Atividades Múltiplas Garibaldi Poggetti”.
Os exemplos são inúmeros, esses dois são notórios na Boca do Monte, mas há casos bem legais como os estádios Orlando Scarpelli e Moises Lucarelli do Figueirense e da Ponte Preta respectivamente. A gente não tem a menor ideia de quem são os homenageados, mas sempre estamos falando o nome deles.
O auditório da Cesma homenageia o fundador e primeiro presidente João Miguel de Souza. A orientação ao nosso Relações Públicas sempre foi de usar o nome do auditório em todas as resenhas e cartazes de eventos e não, simplesmente, auditório da Cesma. Da mesma forma o Cineclube Lanterninha Aurélio. São duas belas homenagens que mantem viva a memória dos homenageados.
No entanto, temos um caso interessante em Santa Maria, o viaduto Evandro Behr... de certa forma a versão popular continuou homenageando o ex-prefeito.
Boa essa discussão!


sábado, 11 de julho de 2015

O Baile da Ilha e a rede de Milão



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O Baile da Ilha Fiscal aconteceu no dia 09 de novembro de 1889, um sábado. Uma festa para homenagear os oficiais do navio chileno “Almirante Cochrane”. Consta que a família real chegou por volta das dez horas. E ao adentrar no salão de baile Dom Pedro II tropeça e cai sendo amparado por dois jornalistas.
– Cai o Imperador, mas não cai o Império – teria comentado Dom Pedro II.
Menos de uma semana depois seria proclamada a República. Diga-se, uma quartelada. Aquela festança ficou conhecida como o “Último baile da monarquia”.
A Ilha Fiscal fica no centro histórico do Rio de Janeiro e é uma visita obrigatória para quem deseja conhecer um pouco mais da nossa história. Tiram-se belas fotos e o castelo está bem conservado. Um belo passeio.
Lembrei disso vendo a Dilma se equilibrando em uma rede no pavilhão do Brasil na Expo Milão, um sábado... apenas uma insignificante coincidência.  
Que ironia do destino. Depois de uma campanha vitoriosa de desconstrução da candidatura da Marina, na última eleição presidencial, Dilma é amparada para se equilibrar, justamente, numa rede. Ainda bem que não houve nenhum acidente de percurso. Apenas alguns comentários bem-humorados. “Meu mandato é mais firme que essa rede”. Claro que sim.
Mas a maior metáfora da presidente foi o comentário abaixo.
“Quando você está lá em cima, você inclina para um lado e imediatamente vira para o outro, você fica balançando mesmo, você consegue equilibrar. Eu não caí, mas a gente sempre, para não cair, precisa ser ajudada, né.”
Essa parábola resume muito a nossa política. E, incrivelmente, precisou a presidente ir a uma feira em Milão. Eu imagino que isso acontece com todos que chegam “lá em cima”. Viram para um lado, depois para outro e para não cair precisam de ajuda.
Eu não sei se a assertiva de Karl Marx cabe nesse caso “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.  
Sinceramente? Espero que a história não se repita.
Segue a República.