quinta-feira, 24 de julho de 2008

Garotas da Gogo

O vereador de Carazinho Gilnei Jarré deverá gastar o gogó para explicar os motivos da homenagem aprovada em plenário pela Câmara de Vereadores às Garotas da Gogo.
Maria Gorete, a proprietária do estabelecimento, recebeu as honrarias por ocasião do nono aniversário da danceteria.
O motivo alegado pelo ilustre vereador foi um dos mais nobres: a empresa e toda sua equipe de funcionárias proporcionam momentos de descontração para os clientes. Ficou a dúvida se foi uma menção honrosa, honra ao mérito ou relevantes serviços prestados ao município, no caso em particular, aos munícipes.
A questão é polêmica. E só é notícia porque é inusitada. Se a homenagem fosse para um atleta, um educador ou um ínclito ex-prefeito, não teria o mesmo impacto na mídia e o mesmo alcance geográfico. Mas homenagear as Garotas da Gogo é um fato relevante. Se observarmos pela ótica de que uma categoria de trabalhadoras está sendo homenageada, nada mais justo. Agora, se escracharmos nossa hipocrisia de classe média que freqüenta bordéis é uma homenagem indecorosa. Um acinte. Um atentado aos bons costumes.
Nos últimos anos sofremos uma enxurrada de escândalos envolvendo políticos, banqueiros e “laranjas” dos mais variados pomares. São tantas as operações que a Polícia Federal está perdendo a criatividade nos nomes. No flagra, um dos envolvidos escancarou um sorriso debochado diante das câmaras de TV. Nesses casos, as algemas são os únicos momentos de descontração que temos.
Quando a Associação dos Magistrados do Brasil divulgou a lista com os nomes de candidatos a prefeito e vice nas capitais do país, de pessoas que respondem a ações penais ou por improbidade administrativa, qual foi nosso grau de indignação? Existe indecência maior que improbidade administrativa? Esse tipo de “sacanagem” não nos causa mais espanto.
Carazinho deve ser uma cidade desprovida de problemas urbanos, seu povo vive feliz e em estado de graça. Então, homenagear as Garotas da Gogo não tem nada demais, além do que, se verificarmos os projetos das câmaras por esse Rio Grande afora, veremos que a maioria dos encaminhamentos são de homenagens e nomes de rua. Aliás, Alameda Garotas da Gogo seria um belo nome para uma avenida repleta com ipês roxos e amarelos.
Em uma discussão, um amigo comentou jocosamente dando o assunto como encerrado: não vejo motivo para tanta celeuma, pois nada mais justo e louvável que os filhos prestem homenagens às mães (sic).
Não quero ser pessimista, mas acho que a situação do vereador está meio complicada. Haja trololó do Jarré.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Batalha dos Aflitos

Cheguei em casa faltando cinco minutos para o início do jogo. Vinha de uma festa de aniversário de uma gremista e com a certeza de que era uma excelente oportunidade de o Internacional conquistar três pontos em Pernambuco.
O jogo contra o Náutico pelo campeonato brasileiro tinha algo de especial, pois estava envolto em brumas recentes de um confronto que poderia ser trágico e uma grande incerteza por ser no estádio dos Aflitos. Estava meio ansioso, para não dizer aflito, já que em tempos não tão remotos houve uma batalha naquele estádio que causou taquicardia em alguns torcedores do co-irmão. E esse desespero disfarçado de façanha foi eternizado em DVD.
O Internacional, mais uma vez, jogou bem, mas não transformou esse bom futebol em gols. No primeiro tempo, por três ou quatro oportunidades, o Nilmar desperdiçou as jogadas claras de gol. E, novamente, agora no segundo tempo, o árbitro deu um pênalti inexistente que nos deixa com a pulga atrás da orelha, pois esses pontos perdidos faltarão logo adiante, na disputa pelo título ou por uma vaga na Taça Libertadores da América.
Como tenho mania de perseguição e sou adepto da teoria da conspiração, acho que tem gente querendo melar nossa festa do Centenário em abril de 2009. Mas esses temas são de foro íntimo.
No segundo tempo o Internacional não foi o mesmo da primeira etapa – será que está faltando perna? –, mas no final o Nilmar, em posição duvidosa, pra não dizer em flagrante impedimento, empatou o jogo. Empatando, também, nas injustiças. Assim, os dois gols foram oriundos de jogadas mal-interpretadas pelo árbitro Rodrigo Cintra.
No entanto, quando o Inter empatou, faltando menos de cinco minutos para o término da partida, eu imaginei uma virada fenomenal e me lembrei de um Inter e Cruzeiro na década de 70 do século passado em que o colorado venceu por 3 a 2 virando o jogo em sete minutos. Já estava mentalizando um e-mail para o Vitorio Piffero sugerindo um DVD: A batalha dos aflitos II. Afinal de contas, tem clube que faz uma festança por qualquer vitória. Mas um simples empate não é motivo suficiente para a produção dessa batalha. E continuo aflito por uma vitória fora de casa, mas otimista com a chegada do castelhano D`Alessandro e do Daniel Carvalho.