quinta-feira, 22 de março de 2012

O piso da Dona Rejina

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Houve um tempo em que trabalhei numa empresa de construção civil. O meu habitat era de orçamentos, reformas, fiscalização de obras e negociação com clientes. Vivia para os cálculos, régua T e esquadros.
E foi por conta de um piso na garagem de um prédio residencial que me estressei com a dona Rejina, síndica do condomínio. Nas negociações com a dona Rejina – isso mesmo com j – acabei prometendo um piso de primeira qualidade. Um piso que jamais outra empresa havia feito na cidade. Afirmei que ela e os condôminos ficariam satisfeitos com a contratação da nossa empresa. Nossa empresa faria uma revolução na construção civil com aquele piso. Um piso excelente como poderia ser um piso em qualquer recanto do país. Concluí, taxativamente, diante da síndica, que a mão de obra da firma era muito qualificada. Dona Rejina era uma professora muito desconfiada. Me olhou com uns olhos “estou pagando para ver” e percebi que ela ficou com a pulga atrás da orelha. Mas contratou nossos serviços após uma tumultuada reunião no condomínio.
O andamento da obra foi a contento. Estava satisfeito com o resultado do trabalho realizado. Embora os parcos recursos, a obra foi entregue no prazo estabelecido.
Então, começaram os problemas com a insatisfação da dona Rejina. Ela não gostou. Argumentou que o material prometido não constava no piso. Que o acabamento do piso estava aquém do combinado.
– Esse não era o piso que havia prometido nas negociações – Dona Rejina falou e estava furiosa, e convocou uma reunião urgente do condomínio para tratar do assunto. Falou que iria levar os condôminos para frente da empresa para reclamar do piso.
Contra-argumentei que o piso estava bom e que o padrão era o mesmo na maioria dos pisos dos estados e do país. O máximo que eu poderia fazer era trocar o rejunte e que depois de uma obra concluída era impossível refazê-la. A emenda ficaria pior que o soneto. Afinal, era um piso que poderia ser feito em qualquer lugar do Rio Grande do Sul, do Brasil, do Mundo. Dona Rejina virou e saiu sem se despedir. Não deu um adeusinho sequer.
Embora todos os nossos arranca-rabos, eu não paguei o piso da dona Rejina. A obra estava bem feita e entregue. Assunto encerrado. E depois do almoço, embora sendo uma segunda-feira, fui tirar uma pestana.
Hoje, ela cruza por mim e sequer me cumprimenta. Fazer o quê. E nós éramos muito amigos.
Esse trauma ainda me persegue, toda vez que piso em falso em um piso inacabado eu lembro da dona Rejina e os seus olhos de “estou pagando para ver”.

sábado, 17 de março de 2012

O cenário perfeito para "The Wall"


Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Dia 25 de março de 2012 Roger Waters fará um show em Porto Alegre. O ex-baixista do Pink Floyd retorna em grande estilo para homenagear a lendária banda. E quando falamos em Pink Floyd vem em nossa mente “The Wall”.
Alguém imaginou outro local em Porto Alegre que não seja o Gigante da Beira-Rio para ser o palco desse estupendo evento? Evidentemente que a interpretação de “The Wall” fará parte do espetáculo. E será uma bela homenagem as paredes formadas e construídas no internacional. As paredes que jamais ruíram para uma segunda divisão. Aquelas barreiras intransponíveis que Alfeu e Nena – o parada 18 – formaram com o Rolo Compressor. Posteriormente, Bibiano Pontes, Figueroa, Marinho e Caçapava com outros artistas da bola transformaram o Internacional no time da década de 70. E mais recentemente outras paredes, ou paradas, também foram o final de muitas investidas ao gol do Inter, Gamarra, Lucio, Indio, Bolívar e Guinazu. Verdadeiros guardiões da área colorada que consagraram o Campeão de Tudo.
Se formos nominar as paredes que jogaram no Internacional não haveria espaço nessa crônica. Não somos apenas “outro tijolo na parede”, somos vários, muitos tijolos na parede. Então, Beira-Rio... Roger Waters... The Wall... cenário mais que perfeito para um espetáculo dessa magnitude.
Li em algum lugar, não lembro onde, que “Another Brick in the Wall” como trilha sonora da queda do muro de Berlim, também seria o cenário perfeito para o Beira-Rio. Uma pessoa muito inteligente escreveu, pois eu concordo plenamente. O Beira-Rio foi construído, tijolo a tijolo, parede a parede, por fanáticos e humildes torcedores. Sendo assim, não deixa de ser uma homenagem a todos aqueles que anonimamente construíram um sonho e grandes conquistas. E que ainda hoje tremulam suas bandeiras nos mais longínquos recantos da Terra. E quando confirmamos o Gigante da Beira-Rio como cenário perfeito para os jogos da copa de 2014, também estamos recepcionando um dos mais renomados artistas do planeta. E é com essas performances mundiais que nós, colorados, estamos acostumados. Aliás, mal-acostumados.
No entanto, se Roger Waters fosse homenagear a queda do muro de Berlim para a segunda divisão – uma metáfora plausível para um muro em ruínas e em queda – o cenário perfeito continuaria sendo Porto Alegre. O bairro Azenha, nas proximidades dos cemitérios São Miguel e Almas e Ecumênico João XXIII, lugar onde os imortais caem na realidade da finitude da vida.
Enfim, imagino que pior que ter um filho colorado é ter um pai tricolor. Coisa que eu só imagino, pois meus filhos são colorados e meu velho era maragato fanático pela cor vermelha.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Que loucura Jorge!

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O encontro foi casual.
Num dia de chuva Astrogildo oferece abrigo para Iracema atravessar a rua.
Debaixo da marquise Iracema estava sorridente e simpática. Mas tudo ficou no “muito obrigado” e no “agradeço sua gentileza”.
Astrogildo ficou abobado pelos lábios carnudos de Iracema.
Astrogildo passou a tarde pensando em Iracema. Conformado, pois dificilmente a encontraria outra vez. Mas a ironia do destino ainda estava para pregar mais uma peça. Dois dias após, Astrogildo estava numa fila para assistir ao show de uma banda gaúcha no Gigantinho. Caminha lentamente para entrar no ginásio quando de repente vira-se. Quem estava ali ao seu lado? Ela mesma, Iracema.
– Você não á a moça da chuva, ou melhor, a moça que se abrigou em meu guarda-chuva?
– Isso mesmo! Estou lembrando, você... veja como é o destino. Muita gentileza sua.
Ficaram juntos e se divertiram assistindo ao espetáculo dos roqueiros. Pularam e cantaram durante duas horas. Ao final, Astrogildo convida Iracema para irem a um bar. Na mesa do bar a conversa fluía solta. Iracema ria das frases de efeito de Astrogildo. Astrogildo ria do sorriso de Iracema.
Naquela mesma noite foram para o apartamento de Iracema. Ao som de Martinho da Vila.
//É devagar. É devagar. É devagar. É devagar. Devagarinho//.
À meialuz, começaram a dançar no meio da sala. O primeiro beijo foi o sinal. Astrogildo colocou sua mão por dentro da calça jeans de Iracema e acariciou seu ventre. Em instantes estavam rolando abraçados pelo chão aos beijos e gemidos. Quando ambos estavam despidos, Iracema para e faz uma indagação.
– Gildo! Posso te chamar de Jorge?
– Jorge? Meu nome é Astrogildo.
– Sabe o que é Gildo, eu fico muito excitada falando o nome de Jorge quando estou transando. Não é nada com você é que Jorge me deixa louca. Eu falo Jorge o tempo todo e fico doida. Fico doida e faço tudo o que tu quiseres, Gildo.
– Então tudo bem.
Astrogildo estava imaginando mil coisas com os lábios de mel de Iracema. Completamente nus no meio da sala, Iracema começou a acariciar Astrogildo com seus lábios carnudos. Astrogildo urrava de prazer.
– Ssilêêêênciiiooooooo vocês aí em cima. – foi o berro que veio da rua.
Mas Astrogildo e Iracema estavam em outra dimensão, não ouviam nada além de seus gemidos de dor e excitação.
– “Ceminha” vira de costas? – Ceminha era como Astrogildo começou a chamar Iracema.
– Viro Jorge. Vem Jorge. Que loucura Jorge.
– Hhhuuggghuuuhhuuu! Astrogildo estava exausto e acabado.
Iracema gritava, gritava para todo prédio ouvir.
– Que loucura Jorge. Que loucura Jorge. Que loucura Jorge. Que loucura Jorge.  Que louuuuccccuuuuuuuuuura Jorge.
De repente todo prédio começou a gritar e foi uma gritaria infernal e uníssona. Em ritmo de samba.
//Que loucura Jorge. Que loucura Jorge. Que louuuuccccuuuuuuuuuura Jorge.//
Sentado no sofá Jorge, ou melhor, Astrogildo saboreava um cigarro. Cantarolava um samba de Adoniram Barbosa. // Iracema! Eu bem lhe dizia, cuidado atravessar a ruuua, eu falava, mas você não me escutava não. Iracema você atravessou contramão.//

domingo, 11 de março de 2012

Chega de Reg-replanfobia

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Confirmando-se mais essa discriminação em que a Caixa continua excluindo colegas, penso que devemos aplicar a 3ª lei de Newton. O princípio da ação e ração. Toda ação corresponde uma reação de igual magnitude e sentido contrário.
Esse movimento passa necessariamente pela Anberr e os poucos sindicatos favoráveis a nossa causa e que estão na luta dos trabalhadores.
O movimento sindical vigente – aquele que está na maioria das entidades atualmente – é um sindicalismo conivente, submisso e cooptado.
Tenho acompanhado alguns debates em grupo na internet e fico pasmando com o que leio. Manifestações dignas de um peleguismo disfarçado de vanguarda com a desculpa de sindicalismo propositivo. Essas discussões passam “a lo largo” do enfrentamento que se faz legitimo nas representações dos trabalhadores. Qualquer assuntinho é motivo de propostas de criação de grupos de trabalho e, assim, nos desviamos de assuntos relevantes e que estão na pauta mais urgente. E vamos discutindo... propondo e caindo em um “enrolation”.
O desastre do sindicalismo brasileiro só será percebido daqui a 20 anos e aí os responsáveis por esse peleguismo estarão aposentados e não prestarão as contas. Quem fará o mea culpa...
Então, como atual sindicalismo – o cuitista – é pelego e a nossa causa vai de encontro ao governo Dilma, vejo que a Anberr é a entidade que deverá ser protagonista dos nossos anseios. E acho que não devemos escamotear. A discriminação começou no governo Lula e foi aprimorado no atual governo. E poucos são os que dão nomes aos bois.
Devemos abrir a discussão de uma nota pública, na grande mídia brasileira, esclarecendo a população do que está acontecendo na Caixa. Afinal, nem tudo é só “Minha casa, minha Dilma” na Caixa. E evidenciarmos que o “Novo plano” dos servidores federais tem a mesma raiz do nosso “Novo Plano”. Num primeiro momento plumas e melzinho na chupeta, depois as discriminações e estagnação da carreira.
Chega de Reg-replanfobia!!!!


quinta-feira, 8 de março de 2012

As flores

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Há um agradável perfume no ar. Um estranho cheiro de terra, de relva e de mar. São flores que desabrocham nos mais diversos lugares. São girassóis, margaridas e camomilas ao sol. São rosas nos pomares. São pétalas esparramadas aos cuidados dos nevoeiros das primeiras horas.
Há uma essência de flores na cidade. Múltiplos aromas que exalam cheiros de todas as idades. É um cheiro de crianças que imploram trocados nos cruzamentos. É um cheiro de mulheres que rogam por seus rebentos.
Nesses dias que antecedem o inverno, temos aromas de antigos amores nos catres vazios. Esses dias preenchem os sonhos com perfumes ausentes. E proliferam cheiros de jovens amantes. É alguma coisa delirante. Imprudente. É um cheiro de atrevimento e contestação.
A cidade está impregnada pela essência de trabalhadores que assentam ilusões. Que contam segredos e fogem dos medos quando o sol se põe. É um perfume de mulheres feridas em seus corações. De mulheres que enfrentam a vida batendo tábuas, varrendo o chão e catando gravetos. Há um aroma de sanga, de poeira e de crepitar de lenhas no fogão. É um cheiro dos errantes, dos que chegaram antes e dos que chegaram depois, esse cheiro é de nós dois.
É um cheiro novo, mas é conhecido, é a essência do povo.
E essas flores são imensas, densas e acabadas. São pétalas molhadas pelas chuvas do outono. São pétalas sem dono. Nesse jardim só há nomes de mulheres. São todas fêmeas, belas e apaixonadas. São descaradas. Anita, Isabel, Olga e Rosa. E tantas mais, mas todas mulheres, e, “das Flores”. E as flores desse quintal são imprescindíveis.
Mas há uma fragrância de democracia. Uma mescla de paixão e rebeldia. De liberdade e utopia. É um cheiro de ira contra as injustiças, que fala, grita e que faz. E que gira.
Essas flores têm perfume de gente.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Minhoca no anzol


Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Faz alguns dias que ando encasquetado com essa expressão: minhoca no anzol. Tudo porque o ministro Marcelo Crivella afirmou em seu discurso que não sabia colocar o tal bichinho no anzol.
É evidente que um ministro não precisa ser da área para ser um bom ministro. O escolhido deve ser probo, ter identidade e reconhecimento público e, necessariamente, republicano.
O Ministro da Saúde não precisa ser médico, o do Interior – acho que não existe mais – não precisa ser caipira, o Ministro dos Transportes não precisa ser caminhoneiro, o da Casa Civil pode ser um militar, e o da Pesca não precisa ser pescador. Nesse caso é irrelevante, basta que o ministro seja competente e sensível a coisa pública e saiba lidar com as verbas. Se bem que no caso da pesca deve ser discutida a relevância do ministério. É possível que seja relevante, pois eu pedi para o Wikipédia e recebi a informação de que “o Brasil é banhado pelo Oceano Atlântico, desde o cabo Orange até o arroio Chuí, numa extensão de 7.408 km, que aumenta para 9.198 km se considerarmos as saliências e reentrâncias do litoral.” Diante disso – e desconsiderando os rios –, é relevante... então o ministro Crivella pode ficar tranquilo, ele pode ir muito além de aprender a colocar minhoca no anzol.
No tocante ao Ministério das Relações Exteriores a escolha deve ser criteriosa. É um pressuposto que o indicado seja patriota. Assim, o ministro Antonio de Aguiar Patriota é o cara certo no lugar certo.
Eu comecei a crônica escrevendo que estava encasquetado com a expressão minhoca no anzol. Pois, é. Os defensores dos animais já se deram conta dos maus-tratos que a minhoca sofre no anzol. Circulou na internet a imagem de um homem crivado de farpas e jorrando sangue. Logo abaixo a frase “é assim que se sente o touro”. E eu fiquei imaginando um humano num anzol com a frase “é assim que se sente a minhoca”. Mas quem vai se importar com uma minhoquinha?
Então, pouco importa para o ministério se o ministro não sabe colocar a minhoca no anzol, ele, o ministro, só não pode colocar a mão na cumbuca ou ser pego com a boca na botija. Pois aí, mesmo sabendo colocar minhoca no anzol ou nadar, ele corre o risco de se afogar num mar de lamas.

Pé na bunda

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

As polêmicas envolvendo a Copa de 14 não estão restritas às obras do Beira-Rio e as idas e vindas entre o Inter e a Andrade Gutierrez.
Os debates são infindáveis e cada gaúcho tem a sua opinião. Inclusive, aqueles que estão se lixando para a Copa. No entanto, numa postura politicamente incorreta a RBS veiculou no programa Bate-bola um vídeo de uma adaptação do filme “A queda” em que mistura preconceito, intransigência e, nas entrelinhas, corrupção. Quem a RBS queria atingir? Qual a mensagem que o grupo RBS quer transmitir com um vídeo nazista? Gostaria de um esclarecimento. Como se o rumo das obras da Copa estão dependendo do Inter, Andrade Gutierrez e de políticos inescrupulosos.
Vamos raciocinar pelo lado inverso. Qual estádio demanda menos serviço para ficar em condições de receber os jogos da Copa? Então, vamos terminar com essa lengalenga politiqueira. Eu quero ver operários em campo. No sentido literal para assentar tijolos e metafórico quando D’Alessandro & Cia entrarem no gramado para decidirem jogos importantes.
Como a Copa não é só o Gigante, deveríamos ter um relato de como estão às obras do entorno do estádio. A infraestrutura e logística estão andando a contento? As subsedes já estão devidamente aptas? Aeroportos e a rede hoteleira eu imagino que estejam todos nos trinques.
E para colocar um pouco de tempero nesse imbróglio o governo do Brasil e a FIFA trocaram algumas gentilezas. O governo federal resolveu bater de frente com o Blatter – presidente da FIFA – em resposta ao secretário-geral Jérôme Valke que sugeriu um pé na bunda para o Brasil agilizar as obras da Copa. O secretário-geral afirmou num bom francês “Se donner um coup de pied aux fesses” e disse que foi mal interpretado, pois significaria “agilizar o ritmo”. Bueno, como não sou lá essas coisas no idioma de Carla Bruni, coloquei a frase no Google Tradutor. Faça o mesmo e veja o resultado. E essa trapalhada com a FIFA deixou encafifado o ministro dos esportes Aldo Rebelo a ponto de não quer mais papo com Valke.
Como futebol envolve chute, mas os jogadores podem chutar a bola, o adversário, o árbitro e o bandeirinha. Devo dizer que um pontapé no traseiro pode fazer o atleta andar para frente. A propósito, quando a Dilma afirmou “é o meu clube, é o meu estado” não deixou de ser um chute no traseiro de algum executivo da Andrade Gutierrez. Quando o prefeito de Porto Alegre estipula prazo para a assinatura do contrato, não é um chutaço na bunda do Luigi?
Enfim, eu ando meio enojado com esse debate. Mais que um chute na bunda, isso está se tornando um pontapé no saco. Acho que vou encher a cara no próximo Rio-Nal, afinal, está tudo liberado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O Gre-Nal da Copa

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Como sou torcedor do Internacional esse texto pode ser tendencioso. Mas farei o possível para ser dialético, se bem que envolvendo a paixão por futebol é difícil de ser dialeticamente confiável.
O começo da história da Copa em Porto Alegre teve uma premissa “O Beira-Rio seria a sede de um dos grupos”. Devemos ter ciência que bateu uma ciumeira disfarçada nas hostes tricolores. E com essa definição ficou escancarada a “grenalização” da sede da Copa na capital dos gaúchos. Um grenalzinho nos bastidores.
Os colorados radiantes e os tricolores tentando – meio na moita – puxar o tapete do Beira-Rio. Assim, entram para a disputa figuras públicas e notórias de ambos os lados. Todos com melosos argumentos e carinhas de anjo na imprensa. No entanto, as brasas eram mexidas dependendo de como estava o assado de cada clube.
Penso que toda vez que houver um argumento sobre esse episódio deveria aparecer na tela, abaixo da imagem do entrevistado, o time para qual ele torce. Os argumentos seriam mais produtivos. O prefeito Fortunati – gremista que inventou a bandeira azul do PT –, quando estipula um prazo para o fechamento do contrato para as obras do Beira-Rio, eu traduzo a mensagem de um tricolor articulando a Copa 14 para a Arena. Será que tem algum tricolor que deseja a Copa no Beira-Rio. Acho pouco provável.
Nesse ponto gostei da presidente Dilma. Ela, pelo menos, foi mais sincera e explicita ao afirmar “É o meu time, é o meu estado”, passando uma carraspana na AG. E é assim que tem que ser. Chega de engambelação, lero-lero e politicagem.
Acho que esse Gre-Nal só acabará quando alguém, com poder de decisão e peso político, afirmar “A copa de 14 é no Beira-Rio ou não e em Porto Alegre”. Com isso nós teremos todos os gaúchos envolvidos, realmente, com a Copa aqui no Rio Grande de São Pedro. Veremos quem deseja com todo afinco e dedicação a Copa na “querência amada!”. E não precisamos ver a cara cínica do Odone na TV falando em plano B. Aliás, plano B... série B... são coisas que ele entende bem.
Mãos as obras gauchada. E colorados fiquem atentos. Estaremos dormindo com um olho só.