domingo, 4 de maio de 2014

Vítimas da violência



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Com o 30º assassinato nos primeiros quatro meses do ano, Santa Maria atinge o índice tolerado pela ONU que é de 10/100.000 habitantes.
Lamentamos profundamente porque são os jovens que estão engrossando essas estatísticas. Mantendo-se nessa escalada de crimes o Coração do Rio Grande encerrará 2014 com a amarga conta de uma das cidades mais violentas do Brasil. Lembrando que 20 assassinatos por 100 mil habitantes é um índice grave. Pisca o sinal de alerta máximo e isso carece de uma ação mais contundente dos gestores.
Os crimes de assassinatos estão relacionados em sua grande maioria ao crime organizado [drogas] e a violência política. Mas tanto no Brasil como na América Latina – que superou a África em assassinatos –, segundo os relatórios da ONU, esses crimes têm endereço, faixa etária e raça. Ou seja, estão nas camadas mais pobres e acontecem entre os jovens negros de 15 a 25 anos. É triste esse dado, mas no Brasil um jovem negro tem quatro vezes mais probabilidades de ser assassinado do que um jovem branco de mesma idade.
Entre as 30 cidades mais violentas do mundo o Brasil contribui com onze. Sendo Maceió, Fortaleza e João Pessoas entre as dez mais violentas atingindo índices exorbitantes de 75 assassinatos por 100 mil habitantes.
Numa metrópole esses dados podem mascarar ainda mais a macabra realidade. No Rio de Janeiro, por exemplo, o índice está em 25. Mas se formos computar só a zona sul o índice cai para 5 e se computarmos as zonas mais pobres o índice se eleva para 75 assassinatos por 100 mil. Lembrem-se: jovens, negros e pobres.
No mundo 850 pessoas são assassinadas por dia e no Brasil 85. Como a ampla maioria dos assassinatos está relacionado ao crime organizado, urge que o Congresso discuta, em regime de urgência, a descriminalização dos usuários das drogas. Talvez seja esse o caminho para quebrar essa estrutura paralela do estado de direito. O Uruguai está implantando essa política com relação a maconha no intuito de diminuir a violência e Montevideo é a capital mais segura da América Latina.
É polêmico! Mas não temos mais tempo a esperar. E uma vida vale muito mais do que um dado numa planilha da Organização das Nações Unidas.