sábado, 27 de fevereiro de 2010

Na companhia da Dilma


A paisagem é magnífica e a tarde está ensolarada. O sol forte não é amenizado com o vento frio que sopra do mar. Então, prefiro a sombra de uma árvore e o horizonte azul do oceano.
O pessoal todo na água, e eu na companhia da Dilma. Eu em minha cadeira de praia e ela na capa da revista. Estava lendo a reportagem sobre a ministra-candidata e fazendo minhas elucubrações políticas, embora ao alcance de meus olhos a areia, praia e mulheres bronzeadas. Mas tudo bem, cada um com suas manias. Afinal, nós estamos em ano de eleições e eu na companhia... Dela.
Desacorçoado com alguns políticos que ainda não entenderam o que é coisa pública e acabaram na privada, meu pensamento viajava pelos arredores dos verdes montes, e, temos de convir, que dentre os atuais postulantes ao Palácio do Planalto nenhum está envolvido em falcatruas.
O vento esquentava a caipirinha de vodca e esfriava o meu chimarrão. E pensar que há poucos dias o sol brilhava a 40º e sonhávamos todos com uma chuvinha. E em qualquer canto do Rio Grande estávamos destilando suor.
Entre uma página e outra das páginas da Dilma, uma espiadela na praia. Não é um ventinho qualquer que espantaria as donas das pernas torneadas e bronzeadas de um sensual desfile com cabelos esvoaçantes pela praia. Foi num desses momentos de olhadela que vi por cima dos óculos de grau quatro belas morenas. Todas elas vindo em minha direção. Aquilo era um pelotão de fuzilamento de corações. Esbeltas, morenas, bronzeadas, cabelos longos soltos ao vento e todas de maiôs pretos. Num instante pensei que estava em outra dimensão e entrando no paraíso, mas logo percebi que era real, pois servi o meu chimarrão na caipirinha de vodca e a água extravasou as bordas do copo e, aparentemente, me acordando de um sonho. As quatro beldades estavam em minha volta e eu ainda não estava refeito do susto. Por algum motivo pensei em gritar “Diiiiiilma!”. Mas reprimi meu grito de guerra, eu me transformaria num deselegante Fred Flintstone de quinta categoria.
Uma das beldades me ofertou o último lançamento de um desodorante. Um presentinho da Axe. E se foram distribuindo brindes e beleza para os demais tarados da praia. E eu continuei na companhia da Dilma, eu na cadeira de praia e ela na capa da revista.

twitter.com/athosronaldo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Lula e a Lei de Murphy

Um dos pontos fortes do governo Lula é a sua política internacional, possivelmente a melhor desde os tempos de D. Pedro II.
E as andanças de Lula, mundo afora, começou com a visita a Davos no primeiro ano de seu governo. Aqui por essas bandas foi instaurada uma grande polêmica: um presidente oriundo das camadas mais pobres do país deveria ir ou não visitar a “burguesia mundial”? O presidente foi e não falou como um coadjuvante na festa dos milionários. Colocou na pauta dos ricos a vida abaixo da linha do Equador. E nós achamos o máximo.
O Fórum social Mundial foi idealizado para polarizar com o Fórum de Davos. O presidente Lula foi ovacionado em porto Alegre e aplaudido em Davos, isso lá em 2003. No último fórum econômico Lula recebeu o prêmio de cidadão global. Como sou muito desconfiado, eu não sei se esse afago é bom ou ruim.
A partir de então, durante todo o seu governo, Lula viajou. E foi muito criticado. Mas um presidente tem que viajar, abrir novos caminhos políticos e econômicos para o país. Novos parceiros comerciais. Essas viagens são importantes embora os olhos de águia dos opositores de todo momento e a qualquer hora.
Diante dos mais variados tapetes vermelhos do planeta, o presidente sempre teve uma postura de estadista. Qual líder criticaria a ONU cobrando uma postura sobre as Ilhas Malvinas? Somente Lula poderia fazer e fez emitindo sua opinião – e de todos os brasileiros – de que as Malvinas deveriam ser da Argentina. Nesse ponto o presidente foi perfeito e merece aplauso.
Mas sempre há um senão. E o do Lula levou quase oito anos: os presos políticos da ilha dos Castro ou presos de consciência, conforme a Anistia Internacional.
No mesmo dia em que Lula desembarca em Cuba para visitar o porto de Mariel, um dos presos políticos – Orlando Zapata – morre após 85 dias de greve de fome. Que azar do companheiro. Se existe algum embasamento científico na Lei de Murphy, ficou quase comprovada.
Como explicar a morte de um preso político? Assim, o silêncio foi constrangedor.
Da mesma forma que há algumas semanas Honduras foi impedida de entrar no novo bloco de nações da América – sem Canadá e EUA – pois o atual governo hondurenho deveria anistiar Manuel Zelaya. Sobre os prisioneiros políticos de Cuba nada foi comentado.
A Lei de Murphy colocou Lula em uma situação incomoda, mas o presidente deveria ter falado para os companheiros Fidel e Raul que o mundo mudou. Prisioneiros políticos em greve de fome mancham a história de um governo. Todos nós aprendemos a admirar Cuba pela trajetória de seu povo, pelos avanços sociais e pelo sofrimento em virtude o embargo Norte Americano. Mas a admiração se esgota diante da tirania. O que temos hoje em Cuba? A impressão que se tem é de que o governo está caindo de maduro.
Se na década de 60 tomávamos Cuba Libre para comemorarmos os revolucionários da Ilha. Hoje, devemos retomar Cuba Libre para reivindicarmos a liberdade dos presos de consciência da Ilha de Fidel.