Athos
Ronaldo Miralha da Cunha
Uma
ilustração circula pela web e, na minha opinião, sintetiza o meu sentimento com
relação a Copa do Mundo: um garoto humilde vestindo uma camisa 10 da seleção olhando
para um estádio todo iluminado pipocando em fogos de artifício. (A crônica poderia
encerrar aqui).
Gosto
de futebol e assisto aos jogos – os bons jogos – e estarei atento na torcida
pelos escrete canarinho. Aliás, uma única vez eu torci contra a seleção brasileira.
Nós, gaúchos, sabemos muito bem quando.
A
questão não está centrada em ser contra a Copa ou contra o Brasil. Ou ser
contra ou a favor das manifestações. As rixas entre “coxinhas” e “petralhas” estão
muito aquém de uma reflexão crítica e consciente da Copa do Mundo Fifa em terras
brasileiras. A Copa do Mundo é, acima de tudo, um negócio com galácticas cifras
e imensos interesses políticos e financeiros.
Nós,
os ingênuos, acreditamos que o acesso aos jogos da Copa seria mais democrático.
Uma ingenuidade diante da euforia quando anunciada, há sete anos, que o país
sede seria o Brasil. Festejamos junto com o Lula & Cia. A chance única de assistir
a um jogo do mundial. Me imaginei nas cadeiras do Beira-Rio assistindo
Argentina x Uruguai. Mas a ficha caiu quando fomos às compras via internet. Quem
conseguiu acessar o saite da Fifa pagou uma exorbitância. Na segunda leva de
compras teria a chance de adquirir o jogo Bósnia-Herzegovina x Irã na Nova Fonte
Nova. Diga-se, com um preço fora do alcance de um pagador de impostos e
promessas.
Então,
nos demos conta que a Copa é feita por uma elite para uma elite e com o aplauso
de todos os ufanistas e apaixonados por futebol e por dinheiro. Mas não podemos
esquecer que temos o tão falado legado da Copa. Infraestrutura, mobilidade
urbana e novos aeroportos para citar alguns itens exigidos pela Toda Poderosa Fifa.
E podemos perceber que a coisa não foi tal e qual o planejado ou anunciado. O que
tivemos foi muita grana para construir futuros elefantes brancos no Pantanal,
nas Dunas e na Amazônia. Oito sedes era pouco, tinha que ser doze para contemplar
interesses políticos. Mas falar disso agora? Desculpem-me, eu ainda não perdi a
razão. Mas, certamente, estarei emocionado com os dribles e gols de Neymar e
estarei na presidente Vargas comemorando o Hexa.
Diante
da impossibilidade financeira eu me resignei. A Copa do Mundo Fifa 2014 vai ser
na sala diante da televisão. Vai ter Copa. Vai ter Sala, o lugar mais confortável
e de boa visibilidade dos jogos e, praticamente, de graça. O único infortúnio é
o Galvão Bueno, mas nada que o controle remoto não resolva.
Pra
frente, Brasil!