quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Alpargatas coloradas

O Internacional foi um dos clubes brasileiros que mais investiu e qualificou o plantel para as competições em 2008. Preparou-se com a intenção de disputar a Taça Libertadores da América no ano do Centenário.
O Inter sagrou-se campeão gaúcho com uma histórica goleada sobre o Juventude, mas ficou fora da Copa do Brasil e o desempenho no Brasileirão está aquém do esperado.
No entanto, a opinião da crônica esportiva ainda mantém-se favorável ao Internacional. Bom time e com reais possibilidades de figurar no topo da tabela. É aqui que entra a história das alpargatas, a possibilidade do Inter ingressar no G4.
No domingo, catorze de setembro, pouco antes do jogo contra o Botafogo, eu coloquei umas alpargatas coloradas, uma folgada bombacha e preparei o amargo para curtir a doce vitória sobre o alvinegro carioca. Tudo bem, sem muita convicção. Um empate estaria de bom tamanho.
Dois a zero no placar e a cuia roncava tranqüila. De repente, gol do Botafogo. Estava no meio de um mate e pressenti a tragédia no final do jogo. Fiquei desconfortável na poltrona imaginando as mesmas cenas dos filmes de outros jogos. Nesse instante, dei-me conta que quando estava dois a zero eu calçava as alpargatas e no gol do Botafogo eu estava com os pés sobre uma banqueta e as alpargatas vermelhas jogadas sobre o tapete. Não tive dúvidas, calcei novamente as alpargatas e garanti a vitória do Inter.
Então, comecei a perceber algumas coincidências nos jogos desse campeonato brasileiro. Sempre que o Internacional perdia ou tomava um gol eu estava sem as alpargatas. Naquela falha do Renan no Gre-Nal eu estava com uma sandália havaiana azul. Pode? As partir dessa constatação passei a acreditar que as alpargatas influenciavam no resultado quando estão nos meus pés. Atualmente não tiro as alpargatas nem para assistir a propaganda eleitoral gratuita.
Essas alpargatas coloradas eu ganhei num amigo-secreto de fim de ano. Estão meio surradas, desgastadas pelo uso. Sinto que preciso adquirir umas novas para assegurar a regularidade dos jogos e garantir, definitivamente, a entrada do colorado no G4. Mas, segundo uma amiga espírita e vidente, eu não posso comprar, pois perde o encanto e a magia. Assim, eu tenho que ganhar umas novas alpargatas. Então, solicito, encarecidamente, aos amigos colorados que me enviem, com um acerta urgência, umas alpargatas novas. Novas e coloradas. A sorte do Internacional no Brasileirão depende muito delas. Aguardo o retorno dessa solicitação antes do dia 28, pois não devemos correr o risco de uma derrota no Gre-Nal do Beira-Rio. A Taça Libertadores nos espera em 2009.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Obama lá

A possibilidade de um negro assumir a presidência dos Estados Unidos torna as eleições dos gringos por demais interessante.
Barack Obama tem origem humilde, sua avó mora em um casebre humilde num recanto longínquo da África. Mas Obama estudou e se formou em Harward Law School. Obteve a distinção honorifica Magna Cum Laude e é um eminente senador.
Obama é um pop star. O estilo de sua campanha arrasta multidões. Tem o carisma e a empatia característica dos líderes. Até na Alemanha esteve em campanha. Não sei se foi um erro de estratégia, mas o fato que o candidato colocou milhares de alemães para ouvi-lo. O candidato Democrata é simpático e sorridente. Faz o estilo boa gente e boa pinta.
Seu adversário é um ex-militar do Vietnã, quase 80 anos, é um ilustre vovô conservador do Partido Republicano.
Como cá, lá também funciona o pragmatismo. Para equilibrar a chapa Democrata Obama escolheu como vice o senador Delaware Joseph Biden, um ancião branco com larga experiência em política externa. A chapa Obama-Biden... me lembra um barbudão com turbante. Mas eles devem saber o que estão fazendo.
John McCain surpreendeu com uma jovem senhora para ser sua vice. Sarah Palin uma morenaça bonita que governa o Alaska, mas com alguns percalços políticos e pessoais, que, lá, pode arranhar sua candidatura.
Obama e McCain são dois candidatos tão diferentes que se transportarmos para o meio artístico brasileiro, eu diria que John McCain tocaria viola no programa do Rolando Boldrin e Obama seria um DJ que animaria a galera como MC Barack.
Se aqui no Brasil a esperança venceu o medo lá ela é audaz. Em seu livro A audácia da Esperança Obama escreveu. "Quando se examina seu conteúdo, a verdade é que as mensagens da esquerda e as da direita são as mesmas, apenas com o sinal trocado". Esse negócio de colocar a esperança nas campanhas como mote de uma frase de efeito deve ser estudada pelos cientistas sociais. E nós sempre acreditamos nela... afinal é a última que morre.
Para nós que vivemos abaixo do Equador e bem mais abaixo em poder aquisitivo, pouco importa. Continuaremos cucarachas. Olhando-se para ambos os candidatos com olhos de Brasil exportador de laranja enxergamos McCain e Obama com o mesmo sinal.
Dizem os entendidos que o Partido Democrata é mais protecionista. Mas nutro uma simpatia pelo candidato Obama, por dois motivos triviais: Só para ver como se comporta a conservadora classe média americana com um negro na presidência e porque o Diogo Mainardi abriu o voto para John McCain.
Obama lá, de preferência com o sinal trocado.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pré-picanha

As jazidas de petróleo descobertas pela Petrobras são motivos de otimismo para a nossa tão sonhada auto-suficiência. São 800 quilômetros de extensão por 200 de largura. Geograficamente está situada entre o Espírito Santo e o norte de Santa Catarina. Assim, logo teremos por aquelas bandas um mar de plataformas. A antiga campanha O petróleo é nosso torna-se requentada após mais de meio século e constatamos que era visionária.
O pré-sal é alguma coisa que a gente não sabe como funciona e não temos a menor idéia onde fica. Não temos a real dimensão do tamanho e nem a noção da profundidade, mas torcemos para que dê certo e que proclame nossa independência petrolífera. E seja infinitamente volumoso. Tanto quanto o vizinho Aqüífero Guarani. E que as receitas oriundas dessas profundezas sejam aplicadas em beneficio dos brasileiros. Amém.
Comenta-se que as estimativas são de 90 bilhões de barris. Para definir a grandiosidade do achado, o presidente Lula achou a metáfora do bilhete premiado. Um uso indevido da figura de linguagem. Sem sombra de dúvidas essas jazidas são uma supermega-sena super-acumulada. E espero, sinceramente, que o único vencedor seja o Brasil.
Num primeiro momento achei simpática a idéia de uma nova estatal, genuinamente do povo, capital 100% público, para prospecção de tão valioso tesouro. Na euforia e entusiasmado com a descoberta intui que a simpática Pré-salbras seria a menina dos olhos dos brasileiros. Mas criar uma nova estatal para esse fim não seria justo com a nossa querida Petrobras (sic). Então, penso que o petróleo do pré-sal deva ser extraído pela velha, boa e longeva Petrobras.
Além do que a Pré-salbras pode ser confundida como uma empresa gaúcha para financiar sal para o churrasco de domingo e não ficaria bem com os demais estados da nação. No entanto, quando alguém fala nas jazidas do pré-sal, eu não consigo deixar de pensar em churrasco. Afinal, sal tem tudo a ver com churrasco. Pré-sal soa como algo mais light, um sal para diabéticos. Uma espécie de tempero que não chega ser salgado por completo e usado por quem sofre de pressão alta.
Se o assunto é pré-sal, eu me vejo salgando uma suculenta pré-picanha. Só não me perguntem o que seria uma pré-picanha. Eu também não faço a menor idéia do que seja. E, há muito tempo, não sei onde está. Nos dias de hoje a prospecção de uma pré-picanha envolve volumosas quantias nas profundezas dos açougues.
Enfim, como essa prospecção não se fará da noite para o dia, ainda veremos muitos presidentes com as mãos sujas de petróleo – bem entendido – exibindo mais uma descoberta em alguma plataforma na costa do Espírito Santo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O dia do Fico

Em Santa Maria propomos o contraditório. Fizemos vários debates ouvindo os lados que defendiam tanto o saldamento como a permanência no Reg-Replan. No Rio Grande do Sul, salvo engano, nenhum outro sindicato teve esta postura. O que vimos foi uma aceitação incontida e subserviente das decisões da Matriz. Tanto da matriz governo como da matriz sindical. E, assim, estamos fazendo sindicalismo moroso. Sem enfrentamento. Sem postura. Sem rebeldia que é a alma mais pura do sindicalismo.
No meu entendimento a questão deixa de ser técnica – pois já avançamos nos conhecimentos para decidir sobre nosso futuro – para ser política – pois não entendemos a tamanha pressão e ameaça por parte de quem detém a direção das nossas representações. Se o Novo Plano é tão bom assim por que tanta coação, como está ocorrendo, para o saldamento? Deixem-me decidir no aconchego do meu guichê.
É política porque envolve poder e subserviência. Trabalhadores e patrão. Presente e futuro. Sindicalismo e “sindicalismo”.
Foi alardeado aos quatro cantos do mundo, e da Funcef, que tínhamos uma escolha. Mas essa escolha me lembrou uma frase de Ford quando fabricou os seus primeiros carros. Você pode escolher a cor desde que seja preto. Assim é a nossa escolha, podemos decidir qual o Plano desde que seja o Novo. Portanto é falsa essa democracia de que estamos livres para escolher nosso futuro. Vide declaração da direção da Caixa. E isso só nos deixa mais indignados e lamentamos. Lamentável porque me sinto traído, pois elegemos um governo popular que prometeu valorizar o funcionalismo público. Que prometeu mudar o país. Com Lula, a esperança venceu o medo, ou não? Ou será que a política da coação venceu a esperança?
Os funcionários da Caixa têm uma vocação de lutas. Somos contestadores e admiramos e gostamos dessa empresa que tem seus princípios básicos no social. Nós queremos a Caixa grande e fomentadora da inclusão social e do abrigo dos excluídos e pobres da sociedade... mas infelizmente a Caixa está virada em metas.
O que ocorrerá após a última reabertura do saldamento? Uma chuva de ações que acarretará em um passivo trabalhista logo ali adiante. Até o mais pacato colega está em busca de seus direitos. Particularmente, elenquei cinco ações possíveis. Diante de todo esse imbróglio, busquemos nossos direitos. Até o direto de ficar.
Como Dom Pedro no dia 09.01.1822 disse que ficava. Eu elegi o dia 05.09.2008 como o meu dia do fico. Eu fico no Reg-Replan.