terça-feira, 30 de junho de 2009

Carta aberta ao povo vermelho e azul


O momento futebolístico que os gaúchos vivem é de extrema grandeza e profundas e palpitantes emoções. Nada será mais importante para os torcedores da dupla Gre-Nal do que os decisivos jogos nesse julho que nasce. Então, precisamos retomar alguns dados históricos.
Em 1930 o povo gaúcho se reuniu em torno de uma causa. Formou a Aliança Liberal para desmascarar uma eleição viciada. Juntamente com Minas Gerais e Paraíba, o Rio Grande do Sul sepultou a República Velha. Amarramos cavalos no obelisco. E isso foi uma façanha. E nessa heróica luta, Maragatos e Chimangos colocaram Getúlio Vargas na presidência do Brasil. Bom, o que veio depois a gente deixa por conta do Getúlio.
No início da década de 70, mais uma vez, os gaúchos reunidos num único sentimento desafiaram a seleção canarinho tricampeã no México. Num memorável jogo empataram e 3 com seleção sensação dos gramados do estádio Azteca. Com os galácticos da época: Gerson, Rivelino, Jairzinho, Tostão... tá faltando um... bah! Não lembro. Mas isso demonstra que os gaúchos unidos jamais serão vencidos.
Nessa quarta e quinta-feira os gaúchos terão um desafio contra mineiros e paulistas. A hombridade farrapa esta em jogo. Uma história estará em campo. Dentro dessas quatro linhas nós mostraremos toda a nossa valentia. Entrará em campo a memória de Flores da Cunha, Zeca Neto e Honório Lemes.
Assim, conclamo a todos os azuizinhos torcerem para o Internacional contra o Corinthians nessa quarta-feira. É imprescindível o pensamento positivo no objetivo da vitória.
E para sermos solidários, na quinta todos os colorados serão azuizinhos desde criancinha. UAI!!! “Cêbêsta sô!!! Júda redá ess trem quió!!!”.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

"I have a dream"


Um dos mais memoráveis discursos da história foi feito por Martin Luther King, “I have a dream”. Falava de paz e de que a convivência entre negros e brancos deveria ser fraterna. O discurso foi realizado no início da década de 60 do século passado para uma multidão de 200 mil pessoas. A partir de então todos nós tivemos um sonho quando queríamos falar de liberdade, paz e uma vida digna.
Há um século o Internacional nasceu para combater o racismo. Jovens queriam jogar futebol e fundaram um time onde qualquer pessoa poderia jogar independente de sua cor. Os jovens Poppe tinham um sonho.
Nos últimos anos os colorados não têm motivos para reclamar, a maior torcida do Sul do Brasil extravasou sua alegria em inúmeras conquistas: Libertadores, Mundial, Gauchão e Recopa. Mas nós queremos ser felizes para sempre. Incessantemente buscamos a felicidade em todos os jogos, em todas as decisões. Esse é o nosso sonho.
Em 2005 nos roubaram, vergonhosamente, uma estrela. E espero que no dia primeiro de julho deixem nossas estrelas brilharem em campo para reconquistá-la. Essa estrela está distante, foi em 1992 que a vimos pela última vez. E nós temos um encontro marcado com essa estrela. Nós não faltaremos a esse encontro. Nós ensaiaremos passos de chamamé, cevaremos um chimarrão, passearemos pelos diversos caminhos da Redenção e veremos um pôr do sol que a deixará ainda mais brilhosa.
Vamo! Vamo! Inter!!! Todos os colorados sonham com esse título. Sonhemos todos juntos que o sonho vira realidade. Ontem eu sonhei que várias crianças brincavam, em rodas de ciranda, vestidas com camisetas vermelhas, pelas ruas e calçadas desse Brasil. Comemoravam o título de campeão do Sport Club Internacional.
Meu coração é vermelho, mas brilha como as estrelas no céu. E como diz a letra da música: tudo é garantido após a rosa vermelhar, tudo é garantido após o sol vermelhecer.
Ou melhor: tudo é garantido após a estrela vermelhar.
Eu não sei quais serão as próximas conquistas do Internacional. Eu não sei quais serão as nossas estrelas no peito. Mas uma coisa eu posso afirmar: eu tenho um sonho.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Humildade de maranhense


Usando a tribuna o senador José Sarney discursou por mais de 30 minutos. Um amontoado de lamúrias acerca das idas e vindas da crise no senado, o encordoado de denúncias sobre nomeações de parentes, atos secretos, horas-extras pagas indevidamente, nomeação a rodo de diretores, etc, etc, etc...
O senador discorreu sobre sua longa ficha de relevantes serviços prestados à nação. Eximiu-se de qualquer culpa sobre os atos secretos afirmando que a crise é do senado e não dele.
Chegou a ser comovente ver uma figura daquela estatura, uma espécie de ex-tudo na política brasileira, rogando aos céus, com as mãos postas e espalmadas sobre o peito, sua honestidade ou seus pequenos erros, pois todos nós cometemos pequenos erros. É uma injustiça do país julgar um homem como eu. Confesso, quase fui às lágrimas.
Nomear um neto e uma sobrinha – que mora no Mato Grosso do Sul – para ser assistente parlamentar são pequenos erros, sem dúvidas. Mas para usar uma metáfora do futebol, ao gosto do presidente Lula, várias pequenas faltas fazem jus a um cartão amarelo. E o conjunto da obra um vermelho. Mas expulsar um atleta, nesse jogo que dura oito anos, é uma tremenda dificuldade. Quantos são os pequenos erros que estão acumulados nesse emaranhado – ou seria maranhado – de desmandos administrativos e políticos na trajetória desse senador do Maranhão?
Brasileiros e brasileiras. Era assim que o então presidente da república José Sarney se dirigia a povo em seus pronunciamentos. Numa época em que a inflação estava na casa dos 80% ao mês e o salário mínimo era de 40 dólares. Mas esses dados não estavam no seu arrazoado de relevantes serviços. Naqueles anos amargos havia 300 picaretas no Congresso e um fervoroso líder da oposição que afirmou que o Presidente da Nova República não faria a reforma agrária porque ele era um grileiro do nordeste. Mas os tempos mudam e o fervoroso líder da oposição se elegeu presidente e, do outro lado do mundo, afirmou que "Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum". O problema do Brasil é justamente esse: Como são tratadas as pessoas comuns.
O sonho de todo brasileiro é ser tratado como senador, um deputado. De minha parte abro mão dos atos secretos. A mim, bastaria ser tratado como um neto de senador.
Há alguns dias um ministro falou que tinha costas de crocodilo e arrogância de gaúcho, concluo que o atual presidente do senado tem lágrimas de crocodilo e humildade de maranhense.