sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Lula e a Lei de Murphy

Um dos pontos fortes do governo Lula é a sua política internacional, possivelmente a melhor desde os tempos de D. Pedro II.
E as andanças de Lula, mundo afora, começou com a visita a Davos no primeiro ano de seu governo. Aqui por essas bandas foi instaurada uma grande polêmica: um presidente oriundo das camadas mais pobres do país deveria ir ou não visitar a “burguesia mundial”? O presidente foi e não falou como um coadjuvante na festa dos milionários. Colocou na pauta dos ricos a vida abaixo da linha do Equador. E nós achamos o máximo.
O Fórum social Mundial foi idealizado para polarizar com o Fórum de Davos. O presidente Lula foi ovacionado em porto Alegre e aplaudido em Davos, isso lá em 2003. No último fórum econômico Lula recebeu o prêmio de cidadão global. Como sou muito desconfiado, eu não sei se esse afago é bom ou ruim.
A partir de então, durante todo o seu governo, Lula viajou. E foi muito criticado. Mas um presidente tem que viajar, abrir novos caminhos políticos e econômicos para o país. Novos parceiros comerciais. Essas viagens são importantes embora os olhos de águia dos opositores de todo momento e a qualquer hora.
Diante dos mais variados tapetes vermelhos do planeta, o presidente sempre teve uma postura de estadista. Qual líder criticaria a ONU cobrando uma postura sobre as Ilhas Malvinas? Somente Lula poderia fazer e fez emitindo sua opinião – e de todos os brasileiros – de que as Malvinas deveriam ser da Argentina. Nesse ponto o presidente foi perfeito e merece aplauso.
Mas sempre há um senão. E o do Lula levou quase oito anos: os presos políticos da ilha dos Castro ou presos de consciência, conforme a Anistia Internacional.
No mesmo dia em que Lula desembarca em Cuba para visitar o porto de Mariel, um dos presos políticos – Orlando Zapata – morre após 85 dias de greve de fome. Que azar do companheiro. Se existe algum embasamento científico na Lei de Murphy, ficou quase comprovada.
Como explicar a morte de um preso político? Assim, o silêncio foi constrangedor.
Da mesma forma que há algumas semanas Honduras foi impedida de entrar no novo bloco de nações da América – sem Canadá e EUA – pois o atual governo hondurenho deveria anistiar Manuel Zelaya. Sobre os prisioneiros políticos de Cuba nada foi comentado.
A Lei de Murphy colocou Lula em uma situação incomoda, mas o presidente deveria ter falado para os companheiros Fidel e Raul que o mundo mudou. Prisioneiros políticos em greve de fome mancham a história de um governo. Todos nós aprendemos a admirar Cuba pela trajetória de seu povo, pelos avanços sociais e pelo sofrimento em virtude o embargo Norte Americano. Mas a admiração se esgota diante da tirania. O que temos hoje em Cuba? A impressão que se tem é de que o governo está caindo de maduro.
Se na década de 60 tomávamos Cuba Libre para comemorarmos os revolucionários da Ilha. Hoje, devemos retomar Cuba Libre para reivindicarmos a liberdade dos presos de consciência da Ilha de Fidel.

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