terça-feira, 6 de julho de 2010

As promessas da Copa

twitter.com@athosronaldo

Quando o assunto é a tão propalada rivalidade futebolística entre brasileiros e argentinos, fico numa posição neutra. Não consigo ser um ferrenho secador dos castelhanos. Talvez por ter um pezinho na Espanha e ser descendentes de Bascos. Entendo que essa rivalidade está mais na mídia do que entre as torcidas.
Se somos rivais... tudo bem, mas a Argentina tem uma maneira diferente de encarar as mais variadas situações e algumas delas merece nossa admiração. Um bom exemplo foi a recepção feita aos jogadores no retorno a Buenos Aires. Lá, dez mil pessoas deram vivas aos atletas. Aqui, Dunga é execrado e a grande discussão é o nome do próximo técnico.
Na copa da África do Sul sonhamos com uma decisão sul-americana, mas a lógica da tabela dos jogos não funciona com essa simplicidade. E Messi e Kaká não jogaram como o esperado. Não foram “locos” suficientes com a jabulani nos pés.
Alguns craques dessa copa pareciam políticos tradicionais em época de eleição. Havia a promessa de atuações brilhantes e jogadas espetaculares, mas o prometido não foi cumprido. No entanto, alguns técnicos roubaram a cena. Dunga comprou uma briga com a imprensa e arrumou – na mesma proporção – admiração e desafetos. Era a prática do velho orgulho gaúcho. O técnico da França Raymond Domenech não foi um modelo de boa educação. E Maradona tinha o maior desafio, com a sua peculiar arrogância e deboche, prometeu desfilar pelado no Obelisco da Avenida 9 de Julio em Buenos Aires. Convenhamos, o Maradona pelado não é algo esteticamente apreciável.
Em caso de vitória da Argentina havia a sugestão de que a Gabriela Sabatini cumprisse a promessa no lugar de Dieguito, Mas a Alemanha com uma avalanche de gols nos livrou desse espetáculo indigno do “Señor Tango”.
No Brasil, em várias ocasiões, o futebol serve como metáfora para a política. Quantas vezes, nos discursos, o presidente da república usou o futebol para explicar melhor seu raciocínio. Como a Copa do Mundo é uma espécie de porta de entrada para as eleições no Brasil espero que a moda de desfilar pelado não chegue à política.
Mas como em política e futebol nada mais surpreende, torna-se inimaginável nossos presidenciáveis passeando pelo obelisco no Rio de Janeiro ou pela Praça dos Três Poderes em Brasília, como seguidores das promessas de Dieguito. No entanto, se for a modelo paraguaia na praça, é possível imaginar o balanço das “jabulanis” da guria.

Nenhum comentário: