terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Impressões sobre o Música Fenae 2013...


... sob a ótica de um letrista.

O festival é de música – isso é ponto pacífico – mas uma música é composta por uma melodia e por um poema (letra). Então cabe algumas reflexões.
O encontro foi memorável, uma confraternização e camaradagem sem precedentes. Toda vez que participo de algo semelhante sempre comento que existe vida fora das metas dos gestores. Foram incansáveis todos que dedicaram seu tempo para o bom andamento do evento. O maestro Tinoco é uma pessoa simpaticíssima no trato e envolvimento com a perfeição.Assim, tem a minha admiração a banda e o vocal.
Mas temos que fazer uma reflexão para o aprimoramento de cada Música Fenae. Como falei na reunião: não toco, não canto e subi no palco, apenas, para receber o certificado de participação. Sou um simples letrista incapaz de fazer um batuquezinho em uma caixa de fósforos.
Mas ainda assim passou a sensação de que o letrista merecia um pouco mais de atenção. Nesse Música Fenae o letrista é um “cidadão sem cidadania” como diz o último verso da belíssima canção “Cantiga da perua”. O letrista é um não-participante. Um não-visto. Um não-premiado. Um não-convidado. Sequer havia um prêmio para a melhor letra.
O júri era composto em sua larga maioria por músicos, diga-se, com uma profunda experiência musical. E isso tem a minha admiração. Mas faltaram jurados específicos para julgar as letras. Faltou um poeta de ofício, alguém dedicado essencialmente à literatura. Um dos membros – estava no currículo – ganhou um prêmio literário na categoria conto em 2006. Na minha opinião, um modesto currículo. Parece que era apenas para constar que havia alguém ligado à literatura.
Tenho acompanhado vários festivais aqui no Rio Grande do Sul e posso afirmar que o corpo de jurados contempla na mesma proporção músicos e letristas [poetas].
Penso que para melhor comprometer e envolver o trabalho do júri deveria haver a divulgação das notas das canções nos mais variados quesitos. O cerimonial deve ser melhor produzido, ou seja, apresentar a música e o porque da letra e do tema. O cerimonial deve anunciar as vencedoras, pois o presidente não é animador de auditório. Deve ter uma postura de estadista do evento. {Batam com moderação nessa crítica}.
Deixo como sugestão de inscrições para os próximos eventos – assim evita-se contratempos – a seguinte maneira:
Vou exemplificar com a nossa música.
Música: Passeata.
Intérprete: Angelino Rogério
Autor da letra: Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Autor da música: Angelino Rogério

E, por fim, sugiro uma reunião – nos mesmos moldes da reunião inicial – no final do festival, para avaliação, críticas e elogios. Ouvindo os participantes a Fenae poderá aprimorar a organização a cada festival. E ganhamos todos em comprometimento e envolvimento com a arte na Caixa.

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