domingo, 24 de maio de 2015

O ódio real



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Um debate presencial para discutir o ódio virtual termina antes de começar, justamente, por conta do ódio virtual que se fez presente. Não é uma ironia? Não. É ódio em estado puro. Intransigência que se alastra como epidemia. É a educação derrotada pela intolerância. A bem da verdade, isso não é privilegio de classe. Quando vejo um douto afirmando barbaridades na internet eu lembro do velho que dizia “Diploma não encurta orelhas”.
A internet veio para facilitar a vida da gente, mas tem gente que gosta de complicar o que parece fácil porque é fácil permanecer no anonimato. Ou escondido diante de um teclado. Quando o tema é política aí nos repontamos a era mesozoica e nos comportamos como tiranossauros rex grunhido raivosas expressões. Os adjetivos são por demais conhecidos.
Eu costumo dizer que conto os 150 botões da minha bombacha antes de responder uma provocação ou tecer um comentário. Mas têm dias que não dá vontade de contar porcaria nenhuma e chutar o balde ou o pau da... pau de selfie (para ficar na moda).
Uma vez – nos áureos tempos de sindicalismo combativo – um colega comentou que as avaliações de um encontro, seminário, reunião ou campanha não devem ser feitas no calor dos debates e nem muito dias após o término, para não sermos acometidos pela emoção irracional ou pela complacência do tempo. Sempre penso assim antes de postar, comentar ou enviar uma resposta. No dia seguinte a resposta fica mais comedida. Mas o importante num debate virtual – e que muitas vezes fica em desuso – é a educação. Acreditem, é possível discordar com educação.
Mas se for impossível a convivência virtual a solução é bem simples: bloquear e desfazer a amizade. É uma solução sem traumas e definitiva. Porque, para mim, as redes sociais são como uma rede na varanda. É para relaxar.

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