quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

2020 – Um ano redondinho

Athos Ronaldo Miralha da Cunha 


Ao reduzirmos nossos medos no período convencionado de um ano e esse ano for o 2020, a conclusão é horripilante e causa calafrios. Queremos esquecer esse tempo de reclusão e perdas.

A pandemia começou no final de 2019 e, provavelmente, terá seu auge catastrófico em 2021, mas o 2020 fica carimbado com um péssimo ano para a humanidade.

O ano que mais sentimos medo, também foi o ano em que, dialeticamente, foi o mais e o menos solidário das últimas décadas. [Muita gente está em ajuda humanitária e prestando serviços comunitários, mas também muita gente não está nem aí para a crise sanitária].

Nesse começo de 2021 queremos renovar nossas esperanças. E desejamos dias melhores e menos trágicos. Mais afeto e menos distância. Desejamos, serenamente, uma vacina que nos liberte desta clausura. E, se possível, um espumante apara brindar a vitória da ciência.

Mas os noticiários nos mostram que uma parcela da população ainda não entendeu o significado de “distanciamento social” e do “fique em casa se puder”. A palavra solidariedade é, totalmente, desconhecida. Nas comemorações da virada o que vimos foi uma turma ligando o “foda-se”. Os insensíveis foram sujar as praias.   

O grande lance do corona é que ele não tem pressa. Ele não age, ele aproveita as oportunidades. Ele não te pega com a boca na botija. Ele dá um tempinho. Espera você esvaziar a botija e depois dá o ar da graça. Ele entra em ação quando você está despreocupado, achando que está livre e fora de perigo. O corona come pelas beiradas. A sopa do corona é fria. Quando todos estão lembrando da festa da virada como doce lembrança de um baita pileque, dos beijos de um encontro fortuito, o corona vem e diz: oi, tio!

E aí começa o drama.

E de quem é a culpa?

Os xingamentos desaguam no ano 2020.

2020 é o vilão da pandemia.

Por que culpar um ano tão redondinho como o 2020? Porque é a maneira mais fácil e cômoda de transferir nossa responsabilidade.

Nesse início de 2021 desejo a todos uma feliz autocrítica. Fica a dica.

Nós, que aqui estamos, devemos agradecer por estarmos vivos. Aí talvez o ano 2020 não seja assim tão demonizado.

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