sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pré-picanha

As jazidas de petróleo descobertas pela Petrobras são motivos de otimismo para a nossa tão sonhada auto-suficiência. São 800 quilômetros de extensão por 200 de largura. Geograficamente está situada entre o Espírito Santo e o norte de Santa Catarina. Assim, logo teremos por aquelas bandas um mar de plataformas. A antiga campanha O petróleo é nosso torna-se requentada após mais de meio século e constatamos que era visionária.
O pré-sal é alguma coisa que a gente não sabe como funciona e não temos a menor idéia onde fica. Não temos a real dimensão do tamanho e nem a noção da profundidade, mas torcemos para que dê certo e que proclame nossa independência petrolífera. E seja infinitamente volumoso. Tanto quanto o vizinho Aqüífero Guarani. E que as receitas oriundas dessas profundezas sejam aplicadas em beneficio dos brasileiros. Amém.
Comenta-se que as estimativas são de 90 bilhões de barris. Para definir a grandiosidade do achado, o presidente Lula achou a metáfora do bilhete premiado. Um uso indevido da figura de linguagem. Sem sombra de dúvidas essas jazidas são uma supermega-sena super-acumulada. E espero, sinceramente, que o único vencedor seja o Brasil.
Num primeiro momento achei simpática a idéia de uma nova estatal, genuinamente do povo, capital 100% público, para prospecção de tão valioso tesouro. Na euforia e entusiasmado com a descoberta intui que a simpática Pré-salbras seria a menina dos olhos dos brasileiros. Mas criar uma nova estatal para esse fim não seria justo com a nossa querida Petrobras (sic). Então, penso que o petróleo do pré-sal deva ser extraído pela velha, boa e longeva Petrobras.
Além do que a Pré-salbras pode ser confundida como uma empresa gaúcha para financiar sal para o churrasco de domingo e não ficaria bem com os demais estados da nação. No entanto, quando alguém fala nas jazidas do pré-sal, eu não consigo deixar de pensar em churrasco. Afinal, sal tem tudo a ver com churrasco. Pré-sal soa como algo mais light, um sal para diabéticos. Uma espécie de tempero que não chega ser salgado por completo e usado por quem sofre de pressão alta.
Se o assunto é pré-sal, eu me vejo salgando uma suculenta pré-picanha. Só não me perguntem o que seria uma pré-picanha. Eu também não faço a menor idéia do que seja. E, há muito tempo, não sei onde está. Nos dias de hoje a prospecção de uma pré-picanha envolve volumosas quantias nas profundezas dos açougues.
Enfim, como essa prospecção não se fará da noite para o dia, ainda veremos muitos presidentes com as mãos sujas de petróleo – bem entendido – exibindo mais uma descoberta em alguma plataforma na costa do Espírito Santo.

Um comentário:

david santos disse...

Bem, eu tenho muitas dúvidas. Contudo, a ser verdade, e Deus queira que seja. Eu penso que o povo pobre, humilde, honesto e trabalhador, jamais iria tirar partido de tal riqueza. É que normalmente, essas riquezas que deviam ser todos ficam sempre pertença dos corruptos, dos ladrões e dos maiores parasitas da sociedade. Mas, quem sabe, não venha acontecer o contrário no Brasil?
Abraços.