sábado, 10 de outubro de 2009

O renguinho da maratona


Todos os anos nossas expectativas são renovadas, mas na realidade o que renovamos no final das negociações são as nossas frustrações com a nossa valorização profissional e aumento real dos salários.
Meu pai tinha uma maneira bem simples de encarar os dissídios – ele era ferroviário no tempo da Maria-Fumaça, Era Vargas e ditadores em geral –, dizia ele: dissídio é índice, o resto é conversa mole para engambelar o trabalhador. Claro que estamos em outros tempos e as nossas negociações não se resumem ao índice e temos uma democracia e um presidente oriundo do povo.
Em todos esses anos, nas assembléias, volta à baila a questão da mesa única. E não será diferente enquanto não for feita uma consulta à categoria para vermos o seu real anseio. A mesa única é uma questão política que resolveremos (?) nos congressos da categoria. Mas temos que ter ciência que é polêmica.
Com relação ao ano de 2009 temos um acordo praticamente aceito pela categoria na Fenaban. No entanto, nas questões especificas dos bancos públicos temos o dissídio encruado. Com ênfase nas negociações da Caixa. E não é a primeira vez nos últimos tempos – diga-se Era Lula. No tempo de FHC era encruado e aniquilado. Bem-entendido? Aliás, quando penso em FHC me vem à mente a privatização da Vale e o sangue me sobe à cabeça.
Bueno, no Banco do Brasil, sem traumas, o índice passou de 6 (Fenaban) para 9%. Assim mesmo em algumas bases foi rejeitado. Na Caixa a proposta foi, simplesmente, insuficiente. Um colega afirmou, em tom jocoso, que a Caixa é o primo pobre dos bancos públicos. Diria que é o filho bastardo. Será que é um prêmio por ser na Caixa onde há maior mobilização?
Estamos num impasse: até quando levaremos a greve? Qual será o momento de encerrarmos esse movimento? Sabemos todos que é mais difícil sair do que entrar em uma greve. Qual o índice que fará com que voltemos ao trabalho? Eu defendo que tenhamos os mesmos 9% dado ao Banco do Brasil. Porque se nós olharmos a defasagem salarial da Caixa e do BB nos últimos 15 anos, abrangendo FHC e Lula, veremos que dará algo em torno de 90 a 100%. Então 3% acima do índice da Fenaban para os bancos públicos é um pequeno e justo avanço na recuperação das perdas. Aí, sim, poderemos dizer que nas negociações específicas, o governo Lula acenou com a recuperação de nossas perdas.
Caso contrário, (Antecipadamente peço desculpas por ser politicamente incorreto, mas a metáfora é espirituosa e bem-humorada), continuaremos – como disse o colega Rejo – o renguinho da maratona, com entusiasmo cheio de vontade, mas sempre correndo atrás e chegando atrasado.
– Esperem por mim! Esperem por mim! Esperem por mim!

Um comentário:

Rejo Friedrich disse...

Quê dureza heim Athos, somos "O primo pobre e renguinho do BB"